São Paulo, terça-feira, 17 de maio de 1994
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"Bicos crescem com falta de emprego

BEL PEDROSA
DA REPORTAGEM LOCAL

"Bicos" crescem com falta de emprego
Luiz Gustavo Linguanotti e Joelma Figueiredo Rios são apenas dois nomes por trás dos números das pesquisas que medem o índice de emprego em São Paulo.
Luiz e Joelma, assim como outros milhares de desempregados, vivem, de bico e da ajuda de parentes, enquanto procuram um novo emprego.
Mãe solteira de uma menina de seis anos, Joelma, 25 anos, queria ser advogada. Seu sonho foi interrompido na 8ª série pela gravidez. Já trabalhou como operária e balconista. Está desempregada desde 93.
Enquanto procura emprego mora com a filha na casa do irmão, onde faz a faxina.
Joelma diz que não escolhe emprego "O que aparecer eu pego. Quero qualquer coisa. Se conseguir casa para fazer faxina eu vou, mas até agora não consegui nada", afirma.
Luiz Gustavo, tem 36 anos. Formado em administração, está desempregado há quase um ano. Ao ser demitido, em 1992 do Pão de Açúcar, onde trabalhou por 15 anos, empregou-se em uma empresa que presta serviços à Caixa Econômica Federal.
Perdeu a vaga e desde então está desempregado. Sua mulher, Fátima, com quem tem três filhos, trabalha como escriturária na Santa Casa e ganha 198 URVs.
Para completar o salário da mulher, o administrador desempregado pega bicos de pedreiro, eletricista, marceneiro.
Ele cortou das refeições os latícinios, todas as frutas e verduras para economizar. O carro, um fusca 79, deve ser vendido em breve.

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