São Paulo, terça-feira, 17 de maio de 1994
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Spike Lee de mão leve

ZECA CAMARGO

Spike Lee se ocupou bem no intervalo entre "Malcolm X" e "Crooklyn". Por exemplo, ele andou fazendo um dos clipes que melhor traduz a linguagem da fusão entre jazz e hip-hop, que infelizmente você não vê nos canais e programas especializados: o de "Lougin"', a reunião do rapper Guru com o trumpetista Donald Byrd.
Mas não perca as esperanças, porque se o CD de "Jazzmatazz" já saiu no Brasil, quem sabe a coletânea de vídeos desse álbum também tem uma chance aqui.
Se isso acontecer, você verá que nem sempre Spike Lee usa aquela mão pesada de "Mais e Melhores Blues" para pôr imagens numa trilha jazzística. Nos poucos minutos de "Loungin", o diretor passa a melhor definição contemporânea da atmosfera "cool" ligada ao jazz.
Se há algumas décadas a representação desse "clima" veio com as clássicas fotos escuras de músicos envolvidos por fumaça de cigarro, em "Lougin" Lee explora o fundo branco, manchando-o apenas com sofás e cadeiras de marca registrada no design desse século.
Nessas peças, sentam-se os músicos e moças convidadas que se balançam um pouco no ritmo da música. Também, não precisa muito além disso. Donald Byrd não faz mais do que soprar seu instrumento refasteladão numa poltrona. E Guru também explora a idéia de relaxar na mobília enquanto solta suas letras.
Com uma música que já diz muito com seu labirinto de vocais e sopros, o vídeo consegue a proeza do equilíbrio. Resta saber se Spike Lee levou um pouco dessa experiência para seu novo filme.

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