São Paulo, quarta-feira, 18 de maio de 1994 |
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Chesky traz seus chorinhos de Nova York
CARLOS CALADO
Hoje, às 17h30, ele comanda a palestra "Gravadoras Independentes Norte-Americanas". Amanhã, às 19h, faz um recital de piano, que será aberto pelo Quarteto de Cordas da Cidade de São Paulo. Através de seu selo Chesky, David vem formando um original catálogo de jazz e música erudita, com um especial destaque para a música brasileira. "Meu selo é acústico. Gravamos música acústica com alta tecnologia. É como um restaurante muito elegante. As grandes gravadoras não passam de McDonald's", compara, com ironia. O elenco da Chesky confirma essa sofisticação. Na área do jazz aparecem McCoy Tyner, Joe Henderson, Phil Woods, Paquito D'Rivera e Tom Harell. Entre os músicos brasileiros se destacam os violonistas Luiz Bonfá, Romero Lubambo e Raphael Rabello, além das cantoras Ana Caram, Badi Assad e Leny Andrade –a mais recente no elenco. "Gravo a música que eu gosto. Quando as grandes gravadoras começaram, uns 40 anos atrás, elas tinham músicos como presidentes. Hoje, são dirigidas por executivos. Isso reflete o que elas editam", diz o diretor da Chesky. O primeiro contato de David com a música brasileira aconteceu em Miami, onde nasceu e cresceu, em uma família de origem russa. "Foi muito natural. Desde criança, eu ia todos os dias à praia e ouvia muita salsa e bossa nova. Nos anos 60, em qualquer lugar você ouvia bossa nova", lembra. É por isso que David estranha o fato de a música brasileira nem sempre ser muito popular entre o público brasileiro mais jovem. "Parece até que eles não vivem no Brasil. Crescem ouvindo Michael Jackson, rock e coisas desse tipo. Suas raízes musicais se formam quando você é criança", lamenta o norte-americano. No recente CD "The New York Chorinhos", com a participação de Romero Lubambo, David deixa claro como absorveu a influência da música brasileira. "Sou um músico clássico e o estilo do chorinho soa mais natural para mim. Uso o ritmo do choro ou do samba, mas as harmonias são contemporâneas, mais americanas", analisa. Para explicar seu trabalho de composição a partir do choro brasileiro, Chesky se remete a Villa-Lobos e Stravinsky. "Como eles, os compositores clássicos tomam ritmos da música folclórica e os transformam numa forma mais intelectual. Os ritmos do choro e do samba sempre exerceram uma forte atração sobre mim, mas eu não faço chorinhos tradicionais", afirma. Seis desses chorinhos estarão no recital de amanhã, acompanhados por tangos e fantasias, todos assinados por David Chesky. Apesar de fã da música latina, David não concorda com Dizzy Gillespie (1917-1993). O jazzista costumava dizer que, no futuro, a música de Cuba, a do Brasil e a dos EUA se tornariam uma só. "As músicas desses países se influenciam muito, mas em termos rítmicos são muito diferentes. Para mim, jamais serão a mesma." Evento: Fórum da Música Independente Palestra: Gravadoras Independentes Americanas, por David Chesky Quando: hoje, às 17h30 Onde: Auditório Alceu Amoroso Lima (r. da Consolação, 2.341, tel. 011/259-9611, Consolação, região central de São Paulo) Concerto: David Chesky e Quarteto de Cordas da Cidade de São Paulo Quando: amanhã, às 19h, no Auditório Alceu Amoroso Lima (veja endereço acima) Texto Anterior: Crítico francês exalta o espírito da dança na obra de Matisse Próximo Texto: Andy Wahrol ganha museu nos EUA Índice |
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