São Paulo, quarta-feira, 18 de maio de 1994 |
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Crítico francês exalta o espírito da dança na obra de Matisse
DANIEL PIZA
Para Pleynet –que por 20 anos foi editor da influente revista "Tel Quel" e hoje é professor de Estética na École des Beaux Arts de Paris–, Matisse foi um artista do espaço, antes de mais nada. Para explicar a idéia, Pleynet começou lembrando fatos do início da carreira do pintor. Matisse, por exemplo, copiava quadros de Quentin de Latour (1704-1788). Pleynet mostrou em slides telas de Latour. O que interessava a Matisse nelas, segundo ele, era a "variedade de sorrisos". Sorrisos aproximativos, afetuosos. "Aquilo evocava um ambiente familiar para Matisse", afirmou Pleynet. E Matisse copiava telas de outros pintores do século 18 francês, disse Pleynet, como Chardin e Fragonard. O período era para ele de uma doçura de vida inigualável. Esse mesmo prazer e tranquilidade se vêem em sua obra. "Matisse chamou uma de suas telas de `Luxo, Calma e Voluptuosidade' não à toa", disse Pleynet. "Esse é o programa central de sua arte." Para o crítico francês, tal programa se reflete na sua obra pelo que chamou em sua conferência de "espaço aproximado". "Matisse diminuiu a distância entre o artista e o objeto", disse. "Para conseguir isso", continuou, "ele tentou traduzir o estado de euforia que sentia diante do mundo. E o fez por meio de uma inteligência da sensualidade." Essa inteligência se manifesta na composição em torno de motivos circulares (como em "Le Bonheur de Vivre" e "A Dança"), que alternam forma e fundo, rompendo a hierarquia tradicional. "Esse sentimento do espaço", concluiu Pleynet, "constitui o pensamento plástico de Matisse." A conclusão de Pleynet foi ilustrada com slide da tela "O Ateliê Vermelho" (1948). O quadro mostra o ateliê do artista com algumas de suas telas penduradas ou encostadas nas paredes. Tudo é banhado por um vermelho vibrante. Para Pleynet, o vermelho estabelece ali um "espaço cósmico", onde a arte é feita da alegria de viver. Título: Artepensamento Hoje: "Barnett Newman - O que é Pintar", do professor Carlos Zílio Onde: Museu de Arte de São Paulo (av. Paulista, 1578, tel. 011/256-5144, região central) Entrada: não-inscritos podem assistir por telão no lado de fora do auditório Texto Anterior: Rede Record contrata a jornalista Alice-Maria Próximo Texto: Chesky traz seus chorinhos de Nova York Índice |
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