São Paulo, quarta-feira, 18 de maio de 1994 |
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Klein ataca fotografia de moda atual
ANA MARIA GUARIGLIA
Ele foi um dos principais responsáveis pela revolução na fotografia de moda durante a década de 50. E que com uma idéia das mais simples: tirar as modelos dos estúdios e passarelas e levá-las para as ruas. É essa fase de seu trabalho que começa a ser reunido no livro "In & Out of Fashion" (Por Dentro e por Fora da Moda), lançado na Inglaterra, com algumas fotos inéditas do período em que trabalhou na revista "Vogue". "In & Out of Fashion" é o primeiro dos quatro volumes de fotografias que o próprio Klein seleciona para representar sua obra. A coletânea abrange o período de 1956 a 1992, revelando a multifacetada carreira de Klein, 66. Preocupado com as limitações da fotografia, Klein aposentou sua câmera de 1963 a 1985 para se dedicar ao cinema. Folha - Foi Alexander Liberman, editor de arte da "Vogue", que o convidou para trabalhar na revista. Qual foi a reação dele, no momento em que o sr. passou a fotografar as modelos nas ruas? William Klein - Liberman também tinha a obrigação de olhar o lado comercial da fotografia. Se eu tirasse uma bela foto de um vestido em Paris, mas se o tal vestido não fosse comprado pelas lojas norte-americanas, Liberman não publicaria a foto. As relações entre a criação e a arte em uma revista de moda sempre dependem da parte comercial. Folha - Mas o sr. fez o tipo de foto que queria fazer... Klein - Meu interesse era puramente criativo e descobri possibilidades de fazer coisas que nunca tinha feito antes. As modelos eram levadas para as ruas e fotografávamos. Mas nem sempre as fotos publicadas eram as melhores. Folha - Em sua época, o fotógrafo Alexey Brodovitch, outro inovador, era editor da revista "Harper's Bazaar". Como era a preocupação de inovar a foto de moda? Klein - Naquela época e ainda hoje existia uma grande competição entre estas revistas. O contrato com a "Vogue" me permitia trabalhar para qualquer revista, mas jamais para a "Harper's Bazaar". Para mim, tudo bem, porque eu não queria fazer foto de moda o tempo todo. O meu interesse era ganhar dinheiro e fazer coisas que me interessavam. Folha - O sr. deixou de trabalhar com fotografia a partir de 63 para se dedicar ao cinema. Ser cineasta era mais importante do que ser fotógrafo de moda? Klein - O problema é que a fotografia começou a ficar muito limitada. Folha - Em 85, com o filme "Mode en France", o sr. voltou a fotografar. Como foi a volta? Klein - Nessa época, iniciava-se um movimento de novos estilistas e me identifiquei com eles. Com relação à fotografia... ela faz parte da minha vida, como a pintura e o cinema. Folha - Qual é sua opinião sobre a fotografia de moda atual? Klein - Na minha época, as revistas eram poucas, as pessoas não se interessavam por elas e ninguém me telefonava de São Paulo para saber o que eu pensava. Entendo que hoje os fotógrafos estão repetindo as idéias usadas anos atrás e não vejo nenhuma invenção. Folha - O sr. voltaria a fotografar moda? Klein - Por que não? Texto Anterior: Arnaldo Cohen mostra técnica requintada Próximo Texto: Fotógrafo se define como `auto-exilado' Índice |
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