São Paulo, quarta-feira, 18 de maio de 1994
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Diretor desiste da renovação em "Viver!"

AMIR LABAKI
DO ENVIADO ESPECIAL

Diretor desiste da renovação em `Viver'!
O conflito político empresta a "Viver!" uma dimensão que o filme, se considerado isoladadamente, não teria. O sexto longa-metragem de Zhang Yimou é sua obra de menor impacto.
Adaptado de um best seller de Yu Hua, "Viver!" não passa de um melodrama linear e convencional que acompanha os infortúnios de uma família chinesa entre os anos 40 e 70.
Desastres pessoais e tragédias de origens históricas se alternam e combinam. No centro de tudo, o casal Fughi (Ge You, excelente) e Jiazhen (Gong Li, bem, ainda que repetitiva).
Eles começam perdendo tudo no jogo, se vêem separados pelas mudanças drásticas na sociedade que Revolução Comunista instaura e são diversas vezes atingidos, mais para mal que para bem, pelas reviravoltas absolutistas de Mao Tse-tung.
O foco no indíviduo antes que na história de fato evita o sensacionalismo de afetou "O Último Imperador" de Bertolucci ou mesmo de "Adeus Minha Concubina", mas não se ganha muito com isso.
Os personagens de Yimou não são mais profundos ou originais que os de Chen Kaige. Há contudo uma sensível diferença quanto à fluência narrativa com vantagem para "Viver!".
Yimou tem sustentado como "um ganho de maturidade" sua recente guinada rumo "a uma forma mais simples", em detrimento de sua primeira fase "mais estética" (desde seu primeiro filme, "O Sorgo Vermelho", até "Amor e Sedução").
Em seu filme anterior, "A História de Qiu Ju", a ruptura para um tom mais improvisado, inclinando-se para uma estética neo-realista, trouxera um frescor novo a seu cinema.
Abraçando plenamente a tradição melodramática, o apenas correto "Viver!" retrocede agora para o meio do caminho.

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