São Paulo, quinta-feira, 19 de maio de 1994
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PFL formaliza aliança sem empolgação

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O PFL homologou ontem oficialmente a aliança com o PSDB e o PTB em uma convenção nacional fria, marcada pela ausência de convencionais.
Havia um clima de ressentimento entre PSDB e PFL e ouviam-se críticas mútuas entre os dois principais partidos da coligação.
Participaram 171 convencionais, representando 312 votos. Segundo dados fornecidos anteontem pela presidência do PFL, estavam habilitados a votar na reunião 261 convencionais, com 420 votos.
O ex-governador da Bahia Antônio Carlos Magalhães foi a estrela da convenção.
Com um discurso no qual lembrou que o candidato à Presidência pela coligação, o tucano Fernando Henrique Cardoso, já "perdeu eleição ganha", mas garantiu seu "empenho pesssoal" na campanha.
O discurso de FHC foi considerado morno pela maioria dos pefelistas –ou "técnico", segundo o irmão de ACM, deputado Ângelo Magalhães (PFL-BA)–. O candidato tucano não conseguiu apagar os ressentimentos entre os dois partidos.
"Enquanto ele não passar a defender o PFL das críticas que até mesmo os tucanos andam fazendo, não adianta que não nos convence", disse o vice-líder do partido na Câmara, Humberto Souto (MG).
Segundo Souto, que votou a favor da aliança, foi por esse motivo que a convenção se tornou "fria e formal". O secretário-geral do PSDB, Sérgio Motta, a comparou com a convenção do PSDB em Contagem.
"Nos criticaram e acabaram fazendo uma convenção de salinhas e no pequeno plenário do Senado. Nós corremos o risco de uma convenção ampla porque somos um partido de massas", disse.
Sob controle da cúpula do partido, ao contrário da convenção tucana de Contagem, a convenção do PFL acabou transcorrendo sem incidentes. Dos 312 votos, 305 foram a favor da aliança e apenas cinco contra.
A deputada Roseana Sarney (PFL-MA), candidata ao governo do Maranhão pelo PFL, foi uma das últimas a votar.
Filha do ex- presidente José Sarney, que aspira a candidatura pelo PMDB, Roseana votou a favor da aliança, mas disse que ainda pode apoiar "até o candidato do PT" (Luiz Inácio Lula da Silva).
A indicação do senador Guilherme Palmeira (PFL-AL) para vice da chapa foi aprovada por 306 votos e houve seis em branco.
Metade do plenário do Senado –que tem 81 lugares– estava ocupada por alagoanos, incluindo o candidato do PMDB ao governo, Divaldo Suruagy.
Nos discursos, as lideranças do PFL e do PMDB procuraram explicar a coligação, batizada formalmente de "União, Trabalho e Progresso".
O presidente nacional do PFL, Jorge Bornhausen, tentou justificar o clima pouco festivo alegando a austeridade do evento.
"A convenção foi realizada no meio da semana e cada convencional está pagando sua passagem e hospedagem". Para ele, o resultado foi "melhor do que o esperado".

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