São Paulo, quinta-feira, 19 de maio de 1994
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Fábrica é acusada de emitir chumbo no ar

LÉLIO PAGIORO
DA FOLHA NORTE

O curador do Meio Ambiente de Catanduva, Ademir Peres, 36, estuda a interdição da fábrica de chumbo Incometal, de Pindorama (375 km a noroeste de São Paulo).
A indústria é acusada de contaminar o meio ambiente com chumbo. Dois inquéritos apuram o caso em Pindorama desde 4 de abril.
A Incometal fabrica barras metálicas a partir de carcaças de baterias de carro e, segundo a Cetesb (Companhia de Tecnologia e Saneamento Ambiental), despeja diariamente 420 kg de partículas de chumbo no ar.
A Cetesb não permite a emissão do metal no meio ambiente.
As partículas já mataram cerca de cem animais, segundo a Casa da Agricultura de Pindorama.
A carne de bovinos criados nas proximidades da fábrica é comercializada em açougues da região.
A pessoa que comer carne contaminada pode sofrer, a longo prazo, de uma doença chamada saturnismo, uma intoxicação forte causada por chumbo.
Segundo o professor de patologia veterinária da Unesp, Gervásio Henrique Beshara, 45, o chumbo provoca cegueira e tremedeira, podendo levar até à morte.
A Cetesb determinou a instalação de um filtro nas chaminés da Incometal.
O curador Peres afirma que vai interditar a empresa caso o filtro não tenha sido instalado. O aparelho está avaliado em US$ 40 mil.
O diretor regional da Cetesb de Rio Preto, Paulo Eduardo Antunes, 28, disse que a empresa seria multada ontem pela segunda vez pela poluição.
Caso receba uma terceira multa, a Incometal será fechada.
Se for comprovada a contaminação do ar, os proprietários da empresa poderão ser indiciados criminalmente. A pena é de dois a seis anos de prisão.
Procurados pela reportagem da Folha, os sócios da Incometal, Clóvis Frey e Alcides Stucchi, não foram encontrados.

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