São Paulo, quinta-feira, 19 de maio de 1994
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Asilo é fechado por maltratar idosos

DA REPORTAGEM LOCAL

A polícia fechou ontem em São Paulo um asilo que manteria 22 idosos em condições subumanas –desnutridos, sem assistência médica e alojados precariamente.
O asilo, chamado Casa de Repouso Jardim Tropical, funcionava em um sobrado na rua Muniz de Souza, no Cambuci (região central de São Paulo).
Os idosos foram resgatados por parentes ou levados para o Cetrem (Centro de Triagem), albergue do Estado, no Tatuapé.
Quatro estavam com ferimentos e fraturas. Virginia de Jesus Gomes, 80, foi internada em estado grave no Hospital Mandaqui (zona norte).
A instituição era particular e cobrava de CR$ 200 mil a CR$ 600 mil de mensalidade. A Vigilância Sanitária lacrou o abrigo por falta de higiene.
Sebastiana Morales Pistori, responsável pelo asilo, foi presa em flagrante.
Ela é acusada de maus-tratos (pena de 2 meses a 1 ano de reclusão) e de cárcere privado (2 a 8 anos de reclusão). Ela nega as acusações.
O promotor de Justiça João Estevan da Silva conta que há 20 dias recebeu uma denúncia anônima sobre as condições do asilo.
Silva decidiu fazer a diligência somente depois de providenciar novos abrigos para os idosos.
"Quando chegamos lá encontramos uma situação deprimente. Os velhinhos choravam, implorando para que fossem levados embora", relata Silva.
Segundo o promotor, os idosos só eram alimentados uma vez por dia –com arroz, feijão, legumes ou sopa. O café da manhã era uma xícara de chá.
O promotor disse que encontrou ainda dez idosos alojados no porão, úmido, mofado e sem ventilação.
"Nós ficamos sufocados com o mau cheiro do porão. Tivemos que jogar creolina para poder trabalhar", afirmou.
Segundo o promotor, os funcionários não davam banho nos idosos que não conseguiam se locomover.
A maioria das camas do asilo, segundo a polícia, se resumia a blocos de espuma sobre caixotes de madeira. Algumas camas foram instaladas em um banheiro e sob o vão de uma escada.

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