São Paulo, quinta-feira, 19 de maio de 1994
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Valor único converte cheque pré-datado

GUSTAVO PATÚ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os cheques pré-datados com vencimento após 1º de julho serão convertidos em reais por um valor único –uma mesma relação entre o cruzeiro e o real, qualquer que seja a data de desconto do cheque.
Esse valor (ou cotação) será o mesmo do período de troca das duas moedas, que deverá durar até 15 de julho. Os pré-datados poderão ser trocados depois dessa data até um prazo ainda não fixado.
A regra, preparada pelo Banco Central, cria condições desiguais entre as pessoas que passaram pré-datados ao comércio. Dependendo da data do cheque, há diferentes previsões de inflação incorpordas a seu valor.
Segundo o diretor de administração do BC, Carlos Eduardo Tavares, os problemas terão de ser negociados entre consumidores e comerciantes.
"O BC não vai interferir", disse Tavares. O pré-datado não existe legalmente.
O governo enfrentou confusões com os pré-datados em 93 na criação do cruzeiro real, em agosto. A resistência do BC em admitir os pré-datados afastou o então presidente do órgão, Paulo César Ximenes.
Na época, o presidente Itamar Franco insistiu para que houvesse regulamentação para os pré-datados. Isso poderia contrariar convenção internacional sobre o cheque. O assunto foi esquecido após a saída de Ximenes.
Segundo a regra preparada pelo BC para a entrada do real, um pré-datado descontado em julho será convertido em reais pela mesma cotação de um outro descontado em agosto –se o prazo para o desconto for de dois meses, por exemplo.
Na criação do cruzeiro real, os cheques em cruzeiros ganharam três meses para ser aceitos nos bancos. A regra era simples: um corte de três zeros, facilitando a conversão.
Como em 93, o BC aconselha os emitentes de pré-datados a trocar cheques no comércio, de preferência antes da troca da moeda.
"Deus seja louvado"
Dentro de 45 dias estarão sendo impressas pela Casa da Moeda as primeiras cédulas do real com a inscrição "Deus seja louvado". Até agora, 1,5 bilhão de cédulas foi produzido sem a inscrição.
A ausência da frase repercutiu mal no Palácio do Planalto na semana passada. Para BC e Casa da Moeda, responsáveis pela confecção das cédulas, houve um "descuido".
O presidente do BC, Pedro Malan, encarregou sua diretoria de distribuir aos jornalistas carta, datada de 30 de março, assinada pelo então ministro Fernando Henrique Cardoso (Fazenda) sobre o assunto.
O texto de FHC solicitava a Malan que determinasse o uso do "Deus seja louvado" nas futuras cédulas, "em repeito ao espírito religioso do povo brasileiro". Em eleições passadas, FHC foi acusado de ser ateu.

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