São Paulo, quinta-feira, 19 de maio de 1994
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Não fosse o quase

CARLOS SARLI

Foi o maior evento de surfe que o país já viu. Durante dez dias, 435 baterias disputadas por cerca de 500 atletas de 31 países espalhados por três palanques na praia da Barra da Tijuca (RJ). Países sem tradição no esporte, como Israel e Canadá, alguns que nem onda têm, como Alemanha e Suíça, outros ainda com apenas um atleta, como Trinidad Tobago, contrastavam com a organização dos EUA e Austrália.
Os patrocinadores do 15º World Amateur Championship, Company/Cyclone/Ruffles cacifaram forte, não só financeiramente, mas com todas as ferramentas disponíveis o campeonato. Destaque-se, entre os patrocinadores, dois extremos: um do segmento do surfe e outro, uma multinacional de peso, ambos acreditando no potencial do esporte. A organização rolou redonda a não ser pela contratação de última hora, de uma assessoria de imprensa que acabou por comprometer uma maior divulgação do evento.
O mar ajudou, as ondas compareceram desde o primeiro dia. Especulava-se sobre a entrada de uma frente fria que faria o mar subir, e ela vingou na quinta-feira. Ondas com mais de dois metros igualaram as chances de "big riders" e "merrequeiros". Com critério de duas vidas (direto ou na repescagem) para cada competidor, todos tiveram oportunidade nas ondas grandes e pequenas.
Durante toda semana a equipe sul-africana, ausente nos últimos mundiais devido ao apartheid, surpreendeu disputando a liderança com a favorita Austrália. Na reta final o Brasil atropelou.
No feminino, Alessandra, 14, conquistou o inédito título de campeã mundial. No bodyboard, Jefferson Anute ratificou a hegemonia brasileira no esporte. Já tínhamos o mundial profissional com Guilherme Tâmega e agora, também, o amador.
A final da open iria também decidir o título por equipes. Pelo Brasil, Charles Cardoso, e pela Austrália, Sasha Stocker; quem chegasse na frente levaria o título.
O Brasil, que vinha crescendo nos últimos mundiais amadores –3º no Japão em 1990, 2º na França (ajudado pelo doping de um atleta americano) em 1992–, teve sua grande chance de chegar ao título aqui em casa, mas deixou escapar. Perdeu para a competente e experiente equipe australiana.
Após cinco mundiais com a mesma equipe técnica, ficamos mais uma vez no quase. Parece que chegou a hora de mudar.

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