São Paulo, quinta-feira, 19 de maio de 1994
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Envio de tropas não pára chacina em Ruanda, iz general da ONU

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Envio de tropas não pára chacina em Ruanda, diz general da ONU
As tropas da ONU enviadas a Ruanda não vão conseguir parar os massacres que já mataram meio milhão de pessoas (segundo cálculos de agências humanitárias).
A opinião é do próprio comandante das tropas da ONU em Ruanda, o major-general canadense Romeo Dallaire.
"Dá uma sensação estranha dirigir pelo interior do país. Você vai a uma cidade e vê animais, vacas, galinhas, mas não gente; só corpos. O cheiro é penetrante no país todo", disse.
"Você anda sobre corpos de crianças. Você acha na grama cabeças de crianças de seis, oito, dois anos, cortadas com facões", disse o ex-ministro para ações humanitárias da França Bernard Kouchner, de volta de viagem a Kigali, capital de Ruanda.
O Conselho de Segurança da ONU aprovou há dois dias o envio de 5.500 homens a Ruanda. Eles deverão garantir a chegada de ajuda humanitária aos ruandeses.
"Eu preciso deles para ontem", disse Dallaire. O primeiro grupo, de 50 militares, deve chegar nos próximos dias, segundo a ONU.
Mas a chegada do restante das tropas, todas africanas, pode demorar semanas ainda.
Os massacres em Ruanda começaram logo depois da derrubada do avião em que estava o presidente Juvenal Habyarimana, 6 de abril.
Os generais hutus (maioria étnica do país) culparam os tutsis pelo atentado.
Rebeldes tutsis dizem que Habyarimana foi morto por seus próprios assessores, quando poria em vigor acordo para dividir o poder com os tutsis.
O líder dos rebeldes tutsis, Paul Kagame, disse que o envio de tropas da ONU não vai fazer nenhuma diferença na guerra. "Eles estão mandando tropas muito tarde."
Denis Polisi, vice-presidente da Frente Patriótica de Ruanda, dos rebeldes, disse que se os soldados da ONU fizerem qualquer outra coisa que não seja ajuda humanitária serão considerados inimigos.
"Nosso objetivo continua sendo parar os massacres e nós só conseguiremos isso liberando o país inteiro", disse.

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