São Paulo, quinta-feira, 19 de maio de 1994 |
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Sem tradição, EUA farão Mundial menos alegre que os anteriores
SÍLVIO LANCELLOTTI
Nos EUA, bem antes do chamado "soccer", existem inúmeras outras modalidades mais desfrutáveis e mais apaixonantes, como o beisebol, o futebol americano, o basquete, o hóquei no gelo etc. A informação não provém do sentimento ou da investigação aleatória. Ela nasce dos números, da audiência que o público, via TV, dedica aos inúmeros confrontos à sua disposição. O "soccer" nos EUA não passa ainda de uma brincadeira de latinos, predominantemente dos Estados sulinos. Por isso que, nos EUA, não haverá aquele clima cotidiano de celebração que envolveu, por exemplo, a Itália em 90, o México em 86 ou a Espanha em 82. Aliás, a seleção dos EUA não dispõe de chances, sequer, de sobreviver à sua chave inicial de qualificação. O time dirigido pelo sérvio Bora Milutinovic dificilmente ultrapassará, na fase básica da sua Copa, os elencos da Colômbia, da Romênia e da Suíça. A nação anfitriã pode inclusive –pela primeira vez desde o Uruguai, em 1930– não superar a fase classificatória. O problema se reflete no turismo. Haverá alguma emoção nas sedes do torneio, mas poucas alternativas se oferecerão ao viajante acostumado com outras edições do Mundial. Em 90, a Copa comandava tudo em Roma, dos ambulantes aos restaurantes. Some-se a essa dificuldade a rigidez das leis dos EUA, que complicam a emissão dos vistos de entrada e que autorizaram o FBI a investigar o passado dos jornalistas credenciados. Na Itália-90, os policiais rodoviários fechavam os olhos ao excesso de velocidade dos motoristas estrangeiros. Nos EUA, o governo pode até mesmo cercear os movimentos dos visitantes indesejáveis. Ninguém espere, em 94, um Mundial alegre como os outros. Texto Anterior: Turismo bate o futebol em San Francisco Próximo Texto: Brasil deve ficar em Dallas na segunda fase Índice |
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