São Paulo, quinta-feira, 19 de maio de 1994
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Infra-estrutura turística é nula no parque

RAQUEL RIBEIRO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Na paisagem inóspita e selvagem da lagoa do Peixe, onde o turismo ainda é inexistente, vivem apenas alguns pescadores.
O parque não oferece qualquer tipo de infra-estrutura ao visitante. Para quem tiver ânimo em passar a noite lá, o amanhecer reserva um belo espetáculo.
Os pescadores noturnos deixam à beira d'àgua um rastro de peixes mortos. Gaivotas, marrecos e centenas de outros pássaros aproximam-se em busca da presa fácil.
Com 40 km de comprimento e não mais de mil metros de largura, o parque contém lagoas rasas de água totalmente salgada. Únicas no Rio Grande do Sul, elas são repletas de algas, crustáceos, moluscos e peixes –as principais reservas de alimento para os pássaros.
A preocupação conservacionista levou pesquisadores brasileiros a fazer periodicamente o anilhamento (colocação de anéis de identificação) das aves migratórias na lagoa do Peixe, dando continuidade ao monitoramento feito em outras regiões, como no Canadá.
Este trabalho propicia o acompanhamento da reprodução das aves visando sua conservação.
Muitas vezes em vôos quase sem escalas, algumas espécies voam mais de 10 mil km, do Ártico até a lagoa. É o caso de um maçarico-de-papo-vermelho, anilhado na lagoa do Peixe e observado 13 dias depois no Estado de Nova Jersey (nordeste dos EUA).
Apesar de ser a primeira área no Brasil a ser incluída, em 1991, à rede hemisférica de reservas para aves migratórias na categoria de reserva internacional, o Parque Nacional da Lagoa do Peixe, criado em 1986, não existe de fato, pois ainda não há um plano de manejo e de desenvolvimento.
O único funcionário do Ibama que supervisiona o parque pouco pode fazer diante dos grandes problemas na área. Plantações de arroz poluem as águas, reflorestamentos de pinus alteram o meio ambiente e a pesca de camarão é realizada livremente no canal.
Outro problema enfrentado pelo parque é a tendência natural, devido aos depósitos sedimentares marinhos, da lagoa se transformar em um pântano.

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