São Paulo, sexta-feira, 20 de maio de 1994 |
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Lula pede a CUT para evitar doações ao PT
CARLOS EDUARDO ALVES
"Não quero que se aprove que a CUT dê dinheiro para minha campanha. Isso é tão insignificante que a gente não pode facilitar a perseguição dos adversários", afirmou Lula. A contribuição financeira à campanha de Lula é um dos temas que dividem a central sindical. "A CUT não precisa tirar dinheiro do cofre", afirmou Lula. O candidato do PT à Presidência não escondeu o motivo do apelo. Lembrou que foi acusado de utilizar carros de som de sindicatos em sua campanha presidencial de 89 e que a repetição do fato poderia ocasionar prejuízo eleitoral agora. Lula fez, porém, um pedido ambíguo para que os dirigentes da central fossem às portas de fábrica atrás de votos à sua candidatura. É nessas ocasiões que o poder de mobilização das entidades ajuda partidos políticos. O candidato do PT não foi modesto ao dizer que, após as caravanas eleitorais que fez, julga-se apto a comandar o país. "Hoje me sinto o mais preparado dos candidatos para governar", afirmou. Para um público de militantes, Lula dirigiu um discurso contra a candidatura de Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Ironizou a condenação do tucano à recente onda grevista dizendo que não quer, no poder, repetir a trajetória dos que disputam eleição com um discurso de "esquerda" e, depois, governam "para a direita". Boa parte dos cutistas que saudaram Lula como futuro presidente era formada por funcionários públicos. Lula não perdeu a chance de agradar a platéia. Prometeu manter a estabilidade do funcionalismo e declarou que não vai "desmontar o Estado". "O Estado brasileiro gasta pouco com a máquina", acha. Mais uma vez, defendeu para ouvintes ressabiados que um eventual governo petista receberá bem o capital estrangeiro que não for dirigido à "especulação". Lula prometeu fazer a reforma agrária, se chegar ao poder, mas não quantificou a meta de seu programa para a área. A parte do discurso do candidato que mais agradou a platéia foi a em que Lula imaginou a convivência entre a CUT e seu possível governo. "A CUT não pode abrir mão do direito de greve mesmo em nosso governo", disse. Foi vago ao falar que movimentos grevistas podem ser evitados com a negociação, mas acenou para a tradição grevista da central que é ligada ao PT. "Espero nunca poder chamar a CUT de pelega", declarou. Em entrevista depois do discurso, o candidato admitiu que aposta na queda da inflação com o plano FHC, mas alertou para o que chama de "efeitos recessivos" das medidas. A Executiva do PT reúne-se hoje para discutir, principalmente, a sitaução eleitoral de seus candidatos aos governos estaduais. O diretório da Bahia será pressionado a apoiar o PSDB naquele Estado. Depois de uma conversa entre Paulo de Tarso Santos (responsável pela campanha de TV de Lula) e o publicitário Duda Mendonça foi praticamente afastada a possibilidade de Duda trabalhar para os petistas. Apesar da avaliação majoritária no partido de que Duda é mais capacitado profissionalmente que Santos, a afinidade política deste com o PT definiu a questão. Duda é ligado ao prefeito Paulo Maluf (PPR) e não está disposto a subordinar-se a Santos, como lhe foi proposto. Lula foi o patrocinador da idéia de levar Duda para trabalhar em sua campanha. Texto Anterior: CPI aprova relatório sem nome de Tuma Próximo Texto: Petista fala de reforma agrária Índice |
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