São Paulo, sexta-feira, 20 de maio de 1994 |
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Servidores grevistas sitiam reitoria da USP
FERNANDO ROSSETTI
Os piquetes, que chegaram a reunir cerca de 200 pessoas, só permitiram a entrada do reitor, da vice-reitora, dos quatro pró-reitores e de alguns assessores diretos. Desde o início da greve –que já atinge total ou parcialmente 20 das 34 unidades da USP–, não funcionam o restaurante universitário, os ônibus internos e a prefeitura universitária. Ontem, após negociação, a reitoria conseguiu liberar a entrada de funcionários que trabalham com o processamento da folha de pagamento e de contas da universidade. O sindicato dos funcionários da USP (Sintusp) diz que foi feita assembléia com os funcionários da administração, que decidiu pela greve e pelo piquete –"para evitar a pressão dos chefes". Hoje está prevista nova rodada de negociação entre o Cruesp (Conselho de Reitores das Universidades do Estado de São Paulo) e o Fórum das Seis –que reúne as entidades de professores e funcionários da USP, Unesp e Unicamp. O que está em disputa nas três universidades –que pagam salários iguais para funções iguais– é o índice usado para medir a inflação e a interpretação de ser possível ou não haver aumentos já. Os grevistas reivindicam 37% baseados no índice de inflação do Dieese para repor perdas desde 1989. Os reitores usam, tradicionalmente, o índice da Fipe –uma fundação vinculada à própria USP. Pelo IPC–Fipe, o reajuste teria de ser de 8% para repor o valor dos salários que têm sido pago na data-base, maio, desde 1989. Os três reitores –Flávio Fava de Moraes, da USP, Arthur Roquete de Macedo, da Unesp, e José Martins Filho, da Unicamp– apresentam dados segundo os quais as universidades não têm condições de dar mais reajustes. Isso porque a verba principal das universidades vem de uma porcentagem fixa da arrecadação do ICMS (Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços), que tem caído (veja quadro). Assim, para os reitores, a única saída seria aumentar a verba destinada às universidades dos atuais 9% para 9,5% a 11%. O Fórum das Seis entende que "a questão é política" –nas palavras do presidente da Associação de Docentes da USP, Otaviano Helene– e busca, com a greve, o aumento. Mesmo que isso signifique as universidades, depois, terem de recorrer a empréstimos. "Estamos sendo sucateados", afirma Helene. Texto Anterior: Prefeitura do Rio quer impedir favelização Próximo Texto: Chimarrão quente favorece câncer, dizem especialistas Índice |
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