São Paulo, sexta-feira, 20 de maio de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Input 94, no Canadá, destaca os programas que apostam no novo

ESTHER HAMBURGER
ESPECIAL PARA A FOLHA, DE MONTREAL

Acontece esta semana em Montreal, Canadá, o Input 94 –a 17ª Mostra Internacional de Televisão Pública.
Entre os festivais, o Input se destaca por seu caráter não competitivo, não comercial, e por sua ênfase na reflexão sobre inovação e originalidade da linguagem televisiva. Aqui são exibidos os programas mais estranhos e não os mais populares.
Um bizarro vídeo japonês funde com perfeição alta tecnologia de computação gráfica com a teatralidade da ópera tradicional do país, com uma trilha sonora que pontua com delicadeza e dispensa muito diálogo.
Uma série de clipes-poemas ingleses explora as possibilidades de expressão televisiva da palavra escrita em sua forma mais acabada.
Concentrados em um minuto, sempre com o mesmo cenário "clean", textos clássicos ou contemporâneos ganham novas dimensões poéticas. E, tomada pela emoção da poesia, a telinha, sempre tão sintonizada na conjuntura, mostra que é capaz de alguma transcendência.
Para muitos participantes do Input, qualidade é sinônimo de televisão pública.
O exemplo mais acabado desse princípio é a Arte (pronuncia-se artê), uma TV a cabo pública franco-germânica que rema contra a maré do tribalismo nacionalista e da comercialização, afirmando cosmopolitismo, prezando o caráter cultural de sua programação em detrimento da ampliação do público.
"É preciso resistir à pressão do mercado e do dinheiro, garantindo a imaginação", afirma Jérôme Clemente, presidente da nova TV a cabo, defendendo sua instituição das acusações de elitismo e descompromisso com a audiência.
Resta verificar se vale o esforço nos programas produzidos pela Arte a serem exibidos nos próximos dias do festival.
O Input oferece uma rara oportunidade de tomar contato com a enorme diversidade que caracteriza a televisão nos diversos países do mundo.
Europa e Estados Unidos dão a tônica do evento, mas entre os 116 trabalhos provenientes de 31 países selecionados este ano, se encontram programas de países fora desse eixo, como Japão, Zimbábue, Eslovênia e África do Sul.
Uma forte representação latino-americana deve resultar na realização em 1996 do primeiro Input fora do eixo Europa-Estados Unidos, no Brasil ou no México.
O Brasil se destaca com cinco programas: "A Arca dos Zo'é", de Vincent Carelli, "Dirigido por Mim, Guiado por Deus", de Rosane Lima, "Lucas e Juquinha, Perigo, Perigo, Perigo", de Cao Hamburger, "Tereza", de Caco de Souza e Kiko Golfman, e "Rota ABC", de Francisco Cesar Filho.

Texto Anterior: Profissionais defendem isenção de impostos
Próximo Texto: Nietzsche fundou terrorismo do pensamento
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.