São Paulo, sexta-feira, 20 de maio de 1994
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Derrota dos poupadores; Pensão irrisória; Ianoblefe; Árvores tosadas; Celular no trânsito; Leão faminto; Escassez e desperdício

Derrota dos poupadores
"Foi publicada na edição de ontem da Folha reportagem com o título `Poupadores perdem causa na Justiça em SP'. Ouvidos pela Folha, informamos o correto, ou seja, que não houve perda da causa, mas sim mera extinção do processo por irregularidade processual. Isto não faz poupador nenhum perder causa, como foi noticiado, tanto que o processo será reproposto na semana que vem. É fundamental informar que, ao contrário do que possa parecer pela notícia dada pela Folha, os poupadores que perderam mais de 130% nas aplicações de poupança com os malfadados planos econômicos vêm obtendo vitórias na Justiça em todas as instâncias, inclusive no Superior Tribunal de Justiça, que é a última instância. Achamos injusto que uma luta vitoriosa em 95% dos casos seja noticiada como derrota para os sofridos poupadores."
Josué Rios, diretor jurídico do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor –Idec (São Paulo, SP)

Resposta do jornalista Gabriel J. de Carvalho – O diretor do Idec discorda do título da reportagem, cujo texto deixa clara a possibilidade de recurso, já que o tribunal não julgou o mérito de os poupadores terem ou não direito aos 84,32% da inflação de março de 1990. Decidiu, porém, que o Idec não tem legitimidade para representar todo o universo de poupadores e, por isso, a 2ª Vara Cível de Osasco extinguiu o processo. Isto significa que, no caso dessa ação civil pública, os poupadores perderam a causa.

Pensão irrisória
"O sr. governador do Estado de São Paulo, no dia 09/07/93, solenemente declarou, no parque do Ibirapuera, quando estavam comemorando a Revolução Constitucionalista de 1932, que iria resolver satisfatoriamente a concessão da pensão especial a que os participantes ativos da referida revolução têm direito, isto de acordo com o artigo 57, das disposições transitórias da Constituição paulista. Até a presente data, não resolveu cumprir a promessa feita. Os participantes ativos da referida revolução estão recebendo uma pensão irrisória, nos termos da lei nº 1.890/78, lei esta que não mais existe. Acontece, entretanto, que o deputado estadual Erasmo Dias apresentou um projeto de lei estabelecendo que a pensão especial dos participantes ativos da Revolução de 32 deveria ser igual à de um segundo-tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo. Citado projeto recebeu pareceres favoráveis de todas as comissões da Assembléia Legislativa. Soube-se que tal projeto encontra-se com o sr. presidente da Assembléia para apresentação à discussão e aprovação. Não sabemos por que tal providência ainda não foi tomada."
João Candido Falleiros (Franca, SP)

Ianoblefe
"Com referência ao artigo do sr. Janer Cristaldo `Os bastidores do Ianoblefe', publicado no caderno Mais! de 24/04, tenho a dizer que: estou trabalhando com os ianomâmis há 26 anos e falo a sua língua. Sou o autor da fotografia do grupo de ianomâmis segurando cestos com as cinzas dos seus parentes chacinados em Haximú no ano passado, enviada à Folha pelo Cedi e publicada junto ao artigo do antropólogo Bruce Albert no Mais! de 03/10/93. Esse artigo descrevia com precisão e detalhes o contexto e o episódio do massacre. Não autorizei a Folha a usar a fotografia de minha autoria acompanhando um texto como o do sr. Cristaldo, que diz o contrário do que a fotografia quer dizer, falseando a informação ao leitor e deturpando a verdade. Quando tirei a fotografia dos parentes dos chacinados de Haximú, confesso que me senti um verme, pois sabia que, para os ianomâmis, o que eu estava fazendo era tão grave quanto a profanação de túmulos é em nosso conceito, mas me forcei a fazê-la por achar que isso era extremamente importante para transmitir ao resto da humanidade fatos e sentimentos que há mais de 500 anos estão povoando a história dos povos indígenas e que nunca são provados o bastante."
Carlo Zacquini (Boa Vista, RR)

"Muito oportunos os artigos de Alcida Ramos –a antropóloga brasileira que mais conhece os ianomâmis–, do procurador da República Aurélio Ramos e do cineasta Aurélio Michiles no caderno Mais!, rebatendo as alegações de que não teria havido massacre de ianomâmis. Primeiro, se mata. A seguir, quer-se apagar a memória da matança. Contestam-se as cinzas dos ianomâmis como se contestam as cinzas de Auschwitz."
Manuela Carneiro da Cunha, professora titular de antropologia da USP (São Paulo, SP)

Árvores tosadas
"Quero manifestar o meu veemente protesto contra o ato de vandalismo que foi praticado contra as árvores que plantei, há anos, na calçada de minha casa, à rua Domingos Fernandes, nº 693, Vila Nova Conceição, São Paulo. Em menos de dois meses e por cinco vezes, funcionários da prefeitura, sem nenhuma consideração e muito menos autorização, ceifaram com serra elétrica as minhas duas árvores. Anteontem, às 14h, tosaram-nas desgraçadamente, conservando praticamente apenas o tronco principal. Com ordem de quem, eu me pergunto? Para que fim, já que nas vezes anteriores as árvores ficaram mutiladas e quase sem galhos? Existe critério para o corte de árvores pela prefeitura? Existe multa para o particular que mutila árvore? E para a prefeitura, quais são as sanções?"
Elza Emilia Almeida Gaeta (São Paulo, SP)

Celular no trânsito
"Que rapidez a de nossas autoridades de trânsito: nem bem o telefone celular foi introduzido (e nem funciona a contento, diga-se) e já instituem uma multa para motoristas que o utilizam ao dirigir. E o argumento do CNT é incrível: uma mão só no volante é contra o Código de Trânsito! Pergunto: e quem acende o cigarro? E quem fuma? E quem liga o rádio? E quem troca a fita no toca-fitas? Sugiro a nossas zelosas autoridades multas para quem: passar a mão no cabelo; coçar a perna; assoar o nariz; cobrir a boca ao espirrar ou bocejar."
José Cretella Neto (São Paulo, SP)

Leão faminto
"O dr. Osiris escreve uma linda carta na apresentação do manual do Imposto de Renda da pessoa física afirmando que `onde todos pagam, todos pagam menos'. O dr. Osiris afirma, também nessa carta, que a arrecadação de tributos federais no ano de 1993 cresceu aproximadamente 25%, em relação a 1992. O fato é que em 1994 a alíquota de pessoa física chegou a 30%; portanto, 20% a mais do que o máximo do ano anterior. Ou seja, `onde todos pagam, todos pagam mais' porque o Leão tem mais fome que os pobres do Betinho."
Ronaldo J. N. de Carvalho (São Paulo, SP)

Escassez e desperdício
"Enquanto em Olinda (Nordeste) os miseráveis comem carne humana no lixo, milhares de toneladas de arroz apodrecem, há muito tempo, nos armazéns da Conab (no Rio Grande do Sul). Mas, com certeza, a mesa dos técnicos da Conab e dos políticos responsáveis (?) é farta!"
Aristeu Adão Duarte (Itararé, SP)

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