São Paulo, domingo, 22 de maio de 1994 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Movimento obedece a modelo paramilitar
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA Cartilhas e documentos do MST mostram que a organização segue um modelo paramilitar. As áreas invadidas se transformam em "Estados paralelos", com lei e polícia próprias.A "justiça" nas áreas invadidas é exercida por "tribunais" formados pelo MST e chamados de "comissões de disciplina". As comissões, formadas por três dirigentes do MST, julgam a "conduta política e pessoal" dos militantes. As "normas de comportamento pessoal" dos sem-terra foram fixadas em uma cartilha de disciplina, editada em fevereiro de 1992. Os sem-terra são proibidos de criticar o movimento ou seus líderes em público. Não podem ficar bêbados, "falar coisas indevidas" na frente de estranhos, ou ter "atitudes imorais". Os tribunais informais dos sem-terra têm poder para determinar punições políticas ou aplicar multas em dinheiro aos militantes considerados "culpados". A "fronteiras" da área invadida são rigidamente controladas pelos sem-terra. Grupos indicados pela direção do movimento se revezam na vigilância armada. Ao desalojar os sem-terra que tinham invadido uma área em Getulina (SP), a Polícia Militar paulista encontrou documentos mostrando que os militantes só deixavam o acampamento com passes especiais. Os "salvos-condutos" eram fornecidos pela direção do MST e os militantes precisavam comprovar a necessidade de sair. Quem ia consultar médicos precisava levar na volta o registro da consulta. Uma invasão equivale e uma operação militar. A fase de preparação leva pelo menos três meses. Até cinco mil pessoas são mobilizadas para a invasão e resistência.` A organização dos sem-terra copia modelos de organizações "revolucionárias" de outros países.` Na invasão de Getulina, a PM apreendeu uma cartilha "Sobre o método revolucionário de direção", distribuída pelos sem-terra e editada pelos sandinistas nicaraguenses. A cartilha ensina um dos métodos que se tornaria ponto básico da atuação dos sem-terra: a renovação dos quadros de direção. A cada invasão, um novo grupo de líderes é treinado para comandar o acampamento. O MST também adota o método de direção coletiva, sugerido na cartilha sandinista. Colaborou a Reportagem Local Texto Anterior: Sem-terra pretendem eleger 8 deputados Próximo Texto: Ricupero reúne equipe para unificar linguagem Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |