São Paulo, domingo, 22 de maio de 1994
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Lula move um processo contra a Folha

DA REPORTAGEM LOCAL

Por determinação do juiz da 22ª Vara Cível da Capital, foi marcada para amanhã a primeira audiência do processo movido, com base na Lei de Imprensa, contra a Empresa Folha da Manhã S.A. por Luiz Inácio Lula da Silva.
A Lei de Imprensa, de 1967, foi um dos instrumentos de intimidação e opressão do regime militar.
O candidato do PT à Presidência diz ter sido vítima de supostas "lesões à honra" e "prejuízos morais", em razão de reportagens publicadas pela Folha e pela "FT" em 24 de novembro de 1993.
As reportagens revelaram que o Sindicato dos Rodoviários do ABC, ligado à CUT (Central Única dos Trabalhadores), transferia dinheiro à Articulação, tendência do PT de que Lula faz parte.
A lei proíbe que entidades sindicais façam contribuições financeiras a partidos políticos.
As reportagens eram embasadas em fac-símiles da contabilidade do sindicato e reproduziam depoimento de seu tesoureiro na época, José Antônio Leite, que confirmava as doações.
Também foram ouvidos e tiveram suas versões publicadas o deputado José Dirceu (PT-SP) e o então presidente do Sindicato dos Rodoviários, Oswaldo Cruz.
Cruz, assassinado em 6 de janeiro, reconheceu que sua entidade dava dinheiro à Articulação.
Serão ouvidos como testemunhas, na audiência de amanhã, os secretários de Redação da Folha.
São eles Marcelo Beraba, da área de produção, e Eleonora de Lucena, da área de edição.
Também deverá depor o editor da "FT", Nilson Camargo.
Em data ainda não fixada, o diretor da Sucursal de Brasília, Gilberto Dimenstein, será ouvido por uma vara cível do Distrito Federal.
Lula quer que a empresa que edita a Folha e a "FT" seja condenada à indenização de 200 salários mínimos por "danos morais".
Os advogados da Empresa Folha da Manhã S.A. argumentam que estão em jogo os princípios constitucionais da liberdade de imprensa e de manifestação do pensamento.
Afirmam também que não há fatos que justifiquem qualquer ofensa ou o propósito de "aniquilar a honra pessoal" do dirigente do PT.
As reportagens referiam-se a dinheiro recebido ilegalmente por uma facção do PT e não a doações pessoais a Lula, na época presidente nacional do partido.

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