São Paulo, domingo, 22 de maio de 1994
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Sarney agora teme ataques de tucanos

TALES FARIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ex-presidente José Sarney teme ser criticado pelos tucanos em razão do acordo fechado com o candidato do PSDB à Presidência, Fernando Henrique Cardoso.
"Eles não vão me submeter ao desgaste que impuseram ao PFL", foi a declaração dada à Folha ontem pelo assessor de imprensa de Sarney, Fernando César Mesquita.
O principal alvo da irritação de Sarney é o senador Mário Covas, candidato ao governo paulista.
Segundo Mesquita, Sarney foi enfático: "Covas foi eleito por causa do Plano Cruzado, escolhido por mim líder do PMDB na Constituinte e nos traiu a todos mudando de partido."
Mário Covas disse temer que um acordo entre FHC e Sarney resultasse apenas na transferência para o candidato tucano dos índices de rejeição do ex-presidente.
O candidato tucano ao governo do Estado também criticou a atuação de Sarney dentro do PMDB.
Disse que o fato de Sarney ter desistido das prévias, ao notar que Orestes Quércia sairia vencedor, "não é a conduta que se espera de um presidente da República".
Sarney quer forçar a cúpula do PSDB a controlar a "ala esquerda" do partido, ligada a Covas.
Mesquita chegou a negar que Sarney e FHC tenham fechado acordo. Segundo ele, o ex-presidente e o candidato conversaram por telefone há três semanas.
"Ele não precisa ficar com ciúmes, porque eu e FHC ainda estamos na fase de namoro. Não houve casamento", disse Sarney.
A Folha revelou que FHC havia conseguido o apoio de Sarney em troca do compromisso de retomar o Programa do Leite e concluir a ferrovia Norte-Sul. Sarney ficou de anunciar a adesão até o dia 31.
A informação do acordo foi passada à Folha pelo filho do ex-presidente, deputado Sarney Filho (PFL-MA). Ele mesmo conversou sobre o assunto com FHC, na quinta-feira, e foi convidado a integrar o comando da campanha.
O próprio FHC confirmou ontem em São Paulo que convidou o deputado Sarney Filho para participar da coordenação de sua campanha à Presidência.
Ele negou, porém, que tenha fechado acordo com Sarney: "Não falo com Sarney há três semanas."
FHC disse que em nenhum momento se comprometeu a retomar o programa do leite e a construção da ferrovia Norte-Sul.
No entanto, ele já tinha confirmado, em entrevistas, a retomada do programa. Ontem mesmo ele afirmou que o "programa do leite é importante, mas eu farei o programa com a participação muito ativa da sociedade".
Sobre a ferrovia Norte-Sul, FHC disse que ainda não tem opinião formada. No entanto, disse que considera a questão ferroviária prioritária, e que a região a ser servida pela ferrovia Norte-Sul é importante: "Vamos ter um programa de integração viária, mas ele ainda está sendo elaborado."
Ele afirmou ainda que espera que Sarney o apóie em função da proposta do PSDB para o país e não por temas específicos. Disse ainda que o apoio do PSDB do Maranhão à candidatura de Roseana Sarney está sendo negociado ppor Pimenta da Veiga.

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