São Paulo, domingo, 22 de maio de 1994
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De vendedor de melancias a dono de TVs

ELVIRA LOBATO
DA REPORTAGEM LOCAL

Orestes Quércia é hoje um homem rico, segundo seu pai, Octávio Quércia, que administra suas fazendas em Pedregulho (435 Km ao norte de São Paulo).
Até ser eleito vereador, em 1963, era um rapaz pobre, que trabalhava desde menino. Seu pai conta, orgulhoso, que, aos 9 anos, Quércia ganhava seu próprio dinheiro em Pedregulho.
Comprava melancias inteiras e vendia os pedaços na estação do trem, reformava bicicletas velhas e as revendia com lucros.
Aos 16 anos, mudou-se com a mãe e os dois irmãos (Vicente e Maria Alice) para Campinas, onde fez de tudo um pouco: abriu dois armazéns, montou uma fábrica de fubá (Fubatel) e uma pequena indústria de compotas de mangas.
Sua primeira investida de sucesso aconteceu em 1964 quando comprou um consórcio Volkswagen. Em seis anos, segundo diz, vendeu 3 mil carros e, com o lucro, comprou sua primeira fazenda em Pedregulho.
Ele só começou a acumular fortuna, de fato, quando (já prefeito de Campinas) compra sua primeira imobiliária e passa a vender loteamentos no município.
A versão mais corrente sobre o início do enriquecimento de Quércia é de que ele comprou terrenos em áreas de periferia que seriam beneficiadas pelos projetos de melhoria urbana da Prefeitura.
Na sua administração, executou um plano viário com largas avenidas interligando os bairros, que provocaram um boom imobiliário.
Os negócios imobiliários de Quércia deram novo salto em 1980, quando, já senador pelo MDB, associou-se a José Nunes Lopes, o "Zé Português" e criou a Rio Construções e Imóveis.
Saiu da sociedade em 1988, mas segundo currículo que entregou ao PMDB, os dois ainda têm empreendimentos em comum.
Quércia ainda é proprietário de duas imobiliárias.
TVs e fazendas
A fortuna atual de Orestes Quércia é difícil de ser avaliada, pois há indícios de que possui muitos bens em nomes de terceiros.
Nos últimos quinze anos, construiu um grupo de comunicação composto de um jornal em Campinas ("Diário do Povo"), 30% do jornal "Diário Popular", de São Paulo, quatro emissoras de rádio e duas TVs.
As televisões –uma em Campinas e outra em Santos– não estão registradas em seu nome no Ministério das Comunicações. O mesmo acontece com uma das rádios, em Sorocaba. O setor de comunicação é hoje a principal atividade empresarial do candidato.
A segunda maior atividade empresarial de Quércia é a exploração de suas fazendas, que somam perto de mil alqueires, no município de Pedregulho. Suas terras na região, segundo Octávio Quércia valem cerca de US$ 15 milhões.
As fazendas são administradas por Octávio Quércia, que aos 84 anos, ainda se ocupa pessoalmente dos negócios. São 1.500 cabeças de gado, 500 mil pés-de-café, 140 mil pés-de-laranja e plantações de arroz e milho.
Além das fazendas e das rede de comunicação, possui imóveis em Campinas, Franca, Araras e São Paulo. A maior parte no nome da Sol Invest Administração e Participações, da qual é presidente.
A empresa tem registrados em seu nome cerca de 1 milhão de m2 de terra, entre lotes e glebas para loteamento no município de Campinas e diversas outras propriedades em Campinas e São Paulo (entre elas a cobertura duplex no Alto de Pinheiros, zona oeste de São Paulo, onde Quércia vive, avaliada em US$ 1,5 milhão).

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