São Paulo, domingo, 22 de maio de 1994
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Receita multou empresas de Quércia em US$ 1 mi

ELVIRA LOBATO
DA REPORTAGEM LOCAL

As empresas de Orestes Quércia foram multadas em US$ 1 milhão pela Receita em 93. Foi a terceira devassa fiscal em suas declarações de Imposto de Renda desde o começo de sua carreira política.
As multas –por erros de cálculos nos balanços e não por crime de sonegação– atingiram exatos 2,06 milhões de Ufirs.
A pedido da Procuradoria da República, 16 fiscais da Receita em São Paulo vasculharam –durante oito meses– os últimos cinco balanços das empresas.
O trabalho começou pela Sol Invest Administração e Participações, multada em 352,6 mil Ufirs, estendeu-se à Imobiliária Jardim Miriam (102,7 mil Ufirs), Editora Regional Ltda. (1,35 milhão de Ufirs), Braq Imóveis (76,01 mil Ufirs) e Rede Central de Comunicações (177,4 mil Ufirs).
Foi também investigada a Rio Construtora, de José Nunes Lopes, (o "Zé Português"), sócio de Quércia entre 1980 e 88. Ela sofreu uma multa de 45,79 mil Ufirs.
A devassa nas empresas foi consequência de uma primeira investigação da Receita nas declarações de IR de Quércia, realizada em 92, onde nada foi constatado.
O trabalho dos auditores foi questionado pelo deputado federal Luiz Gushiken (PT-SP). Como inquérito na Polícia Federal concluiu que a atuação dos auditores foi correta, Gushiken entrou com requerimento pedindo que a devassa fosse estendida às empresas.
A primeira devassa nas declarações de Quércia aconteceu em 1974, durante o inquérito militar da Comissão Geral de Investigações, para apurar suspeita de que ele teria enriquecido ilicitamente no exercício de cargos públicos.
A investigação era sigilosa mas, em 1977, vazaram informações de que o inquérito teria apontado "corrupção".
Em 18 de maio daquele ano, Quércia, então senador pelo MDB de São Paulo, ocupou a tribuna do Senado para se defender.
Ele submeteu suas declarações de Imposto de Renda a uma empresa de auditoria (Revisora Nacional Auditores Independentes), que considerou seus rendimentos compatíveis com seu patrimônio.
Em janeiro de 94, Quércia reviveu cena semelhante à de 1977. Compareceu à direção nacional do PMDB para novamente explicar a origem de seu patrimônio.
Assim como há 17 anos, ele contratou uma auditoria independente (Trevisan Auditores e Consultores) para analisar sua declarações de Imposto de Renda e os demonstrativos de suas empresas.
O relatório dos auditores confirma o quadro detectado pelo fiscais da Receita: declarações pessoais corretas, mas falhas nas declarações das empresas.

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