São Paulo, domingo, 22 de maio de 1994
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Morador quer fim de `drama' que começou em 68

VICTOR AGOSTINHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Alguns moradores não vêem a hora de pegar o dinheiro da desapropriação e, com isso, colocar fim numa história que se arrasta desde 1968 –ano em que foi aprovada a lei para o prolongamento da Faria Lima.
No começo, o italiano Luigi Cestari, 69, não gostou nada da idéia de ser desapropriado e ter que se mudar. Com o tempo, passou a gostar da desapropriação.
"Agora, não. Acho até que vai ser bom. Vou pegar o dinheirinho e largar dela", disse apontando para sua mulher, que, sem graça, deixou Cestari sozinho durante a entrevista.
Cestari acredita que vai receber US$ 60 mil pela casa e, em seguida, voltar sem a mulher para a Itália, para a cidade de Montesano (60 km de Nápoles).
Apesar de seus 41 anos de Brasil, o italiano afirmou, com forte sotaque, que não se acostumou ao país e nem à rua Cunha Gago, 871, onde mora.
"Mas nessa eu peguei o Maluf. Ele achou que ia me ferrar. Acabou me ajudando. Maluf, eu tenho uma casa em Montesano", não parava de repetir enquanto mostrava a foto da propriedade.
A pintora Cléo Ednéa Ferreira Mendes, 65, também faz parte do grupo de desapropriados que gostaria que a situação se definisse rapidamente.
"Não aguento mais essa indefinição. Vi meus pais morrerem esperando a desapropriação. O meu interesse é que se tire uma definição logo", afirmou.
Cléo mora com sua cadela vira-lata na casa que herdou da família, na rua Miguel Isasa, 97. Seu imóvel fica no trecho desapropriado em Pinheiros.
Todos os sete cômodos da residência de Cléo são usados hoje para a pintora estocar seus quadros.
Cléo não teme ficar sem moradia: "Se eu souber manipular o dinheiro, acho que consigo comprar alguma coisa equivalente", disse.
Segundo ela, sua casa mede cerca de 300 m2 e vale aproximadamente US$ 200 mil. "Já fui ver umas casas em Pinheiros e na Vila Madalena. Acho que vai dar para comprar. Deus queira que eu saia logo", disse.
(VA)

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