São Paulo, domingo, 22 de maio de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

A credibilidade do real

LUIZ CARLOS MENDONÇA DE BARROS

Com a aprovação da medida provisória que criou o real, a reforma monetária do dia 1º de julho tornou-se irreversível. O país vai mais uma vez mudar de moeda. E tentar sair de uma hiperinflação crônica que vem destruindo nossa sociedade.
Nos próximos 40 dias o governo vai definir regras no campo monetário que regularão o funcionamento da economia. As mais importantes serão as normas para emissão do real. Serão elas suficientes para garantir sua credibilidade?
Uma análise das emissões de cruzeiros reais nos últimos meses pode ser uma pista para responder esta indagação. Principalmente se usarmos como padrão o que prevalecia em 1986, antes das reformas nas finanças públicas do governo federal.
Com o fechamento da Conta Movimento do Banco do Brasil, a unificação dos orçamentos monetário e fiscal, a criação da Secretaria do Tesouro e a unificação de suas contas no Banco Central, o quadro de emissão monetária no Brasil mudou radicalmente.
As torneiras pelas quais jorram a moeda para a economia foram reduzidas a quatro, destruindo-se neste ajuste quase uma dezena delas.
A primeira torneira representa as contas do Tesouro no BC. Seu fluxo é igual à diferença entre as receitas do governo (recolhimento de moeda) e seus gastos.
Se não considerarmos os juros sobre a dívida interna e externa, este fluxo tem sido e será durante os próximos meses, positivo. Teremos uma destruição de moeda e não aumento.
A segunda torneira está vinculada ao aumento ou redução de nossas reservas externas. Cada real emitido estará lastreado por um dólar no BC. De qualquer maneira, o BC tem poderes para regular seu fluxo via política de juros internos e normas administrativas.
A terceira torneira corresponde às operações entre o BC e as instituições financeiras. Aqui pode estar o maior risco por conta dos bancos públicos, ao serem submetidos a rigorosa dieta de lucros inflacionários.
Finalmente, temos a torneira das operações de open market, com a criação e destruição de moeda via compra e venda de títulos públicos. Aqui também o governo tem uma boa margem de manobra para controlar o volume de circulação do real.

Texto Anterior: O novo rende URV mais 2%
Próximo Texto: Rentabilidade projeta 47,79%
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.