São Paulo, domingo, 22 de maio de 1994
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Garantir seu carro está custando o dobro

VERA BUENO DE AZEVEDO
DA REPORTAGEM LOCAL

Quem for fazer ou renovar o seguro de seu carro este mês provavelmente vai levar um susto: o custo das apólices praticamente dobrou em relação a abril.
A razão vem do próprio mercado. Com as tarifas livres e a concorrência grande, nos últimos anos as seguradoras foram reduzindo os preços das apólices.
Como o índice de sinistralidade (acidentes e roubos) se manteve alto, as empresas foram se descapitalizando. Hoje, este índice está em torno de 130%. Ou seja, a seguradora recebe 100%, mas gasta 130% em indenizações.
Percebendo que muitas empresas –principalmente as menores– estavam em situação financeira difícil, a Susep (Superintendência de Seguros Privados) soltou uma circular fixando um valor mínimo que as seguradoras devem manter como reserva.
Descapitalizadas, elas aumentaram o preço das apólices, para tentar atender a exigência da Susep.
Há um ano, fazer o seguro de um carro novo custava, em média, entre 4% e 6% de seu valor. Hoje, os percentuais saltaram para algo em torno de 10% a 12%.
Para reduzir este preço, faça primeiro uma pesquisa em diversas seguradoras. O valor das tarifas continua livre.
Depois, você terá também que abrir mão de algumas coberturas. Garantir seu carro apenas contra roubo, incêndio e terceiros, por exemplo, custa 60% do preço de um seguro total. Se quiser incluir perda total, pagará 70% do valor.
Evite ainda segurar acessórios, que custam cerca de 35% do preço do bem e há franquia de 20%.
Um dos responsáveis pela alta do índice de sinistralidade é o aumento da quantidade de desmanches de veículos roubados, mesmo os novos, diz o corretor de seguros Daniel de Souza.
Segundo ele, os ladrões estão percebendo que o desmanche é menos arriscado que a revenda do veículo. "Eles eliminam o chassis e vendem todas as outras peças, separadas, porque é impossível identificar a que carro pertencem", diz.
Com isso, o desmanche, que antes era restrito aos carros fora de linha, como Fusca e Brasília, pela falta de peças, atinge hoje também os novos e importados.
O resultado é a redução do índice de recuperação dos carros roubados, o que também se reflete no aumento do preço dos seguros.

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