São Paulo, domingo, 22 de maio de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Globo quer aposentar executivos aos 60 anos

Plano não atingirá funcionários do primeiro escalão

ARMANDO ANTENORE
DA REPORTAGEM LOCAL

A Rede Globo de Televisão está implantando um plano de previdência complementar –para garantir que funcionários com cargos de comando recebam, quando deixarem a empresa, um adicional à aposentadoria paga pelo governo.
Em vigor desde o último dia 26, o plano incentiva os executivos a formar sucessores e se desligar da emissora tão logo façam 60 anos.
As novas regras não enquadram o primeiro escalão da emissora.
O plano exclui, portanto, Roberto Irineu Marinho, vice-presidente executivo; José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, vice-presidente de Operações; Marluce Dias da Silva, superintendente executiva e Octávio Florisbal, superintendente comercial.
Para viabilizar o projeto, a Globo firmou acordo com a Prever Seguros e Previdência, que está sob controle de três bancos: Bamerindus, Unibanco e Nacional.
Cada um dos 488 beneficiários possuirá uma conta nominal na Prever. Todo ano, a emissora fará depósitos em tais contas, sem deduzir nada dos funcionários.
A Prever administrará o dinheiro, aplicando-o no mercado financeiro.
Os executivos não poderão utilizar o fundo pessoal enquanto trabalharem para a Globo.
Se o funcionário sair da emissora com 60 anos e deixar um substituto, terá o direito de sacar tudo o que houver na conta. A Globo, então, interromperá os depósitos.
Caso o executivo não se preocupe em preparar um sucessor, perderá 50% do fundo.
O substituto deverá ser aprovado por dois níveis hierárquicos acima do profissional que está se aposentando.
Os funcionários que decidirem permanecer na Globo depois dos 60 anos pagarão "multas": perderão, de 12 em 12 meses, 20% do que possuem na conta.
Portanto, o executivo que se afastar da empresa com 61 anos só poderá sacar 80% do fundo –desde que tenha um substituto. Se não tiver, perderá mais 50% do total e levará 30%.
Quem deixar a Globo antes dos 55 anos não poderá retirar nada do fundo.
Funcionários entre 55 e 59 anos que decidirem se desligar da empresa também pagarão "multas". A emissora irá fixá-las depois de contabilizar quantos anos faltam para o executivo atingir os 60 e de multiplicar a diferença por 10.
Assim, caso saia da Globo com 58 anos, o profissional perderá 20% do fundo. A "multa" subirá se o funcionário não indicar o sucessor.
O plano contém regras especiais para proteger funcionários que completarem 60 anos ou mais em 1994.
Eles poderão permanecer por um período adicional na empresa, sem perdas do fundo. Tal período irá variar de dois a cinco anos.
O desempenho dos executivos vai determinar a quantia que a Globo depositará nas contas.
A emissora estabelecerá um plano anual de metas. Quanto maior o número de etapas cumpridas, maior o valor que a empresa irá ratear entre os funcionários.
As metas não têm que ser apenas econômicas. Poderão se referir, por exemplo, a índices de audiência.
Em agosto, a emissora deverá lançar outro plano de aposentadoria. O alvo serão atores, diretores de programas, autores e apresentadores –num total de aproximadamente 600 funcionários.

Texto Anterior: Folha promove nova palestra amanhã
Próximo Texto: Tire suas dúvidas sobre a virada para o real
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.