São Paulo, domingo, 22 de maio de 1994
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Anarquia prejudica equipe de Camarões

Idéia de rejuvenescer time é abortada

JOHAN CRUYFF
ESPECIAL PARA A FOLHA

A seleção de Camarões chega à Copa do Mundo nos Estados Unidos com poucas opções, já que os problemas extra-esportivos superam em muito a própria concentração dos selecionados.
As divergências no seio da federação e até entre alguns jogadores fizeram que, depois do êxito na Itália, em 90 –Camarões chegou às quartas-de-final e levou a Inglaterra às cordas antes de perder por 3 a 2–, os "leões indomáveis" não conseguissem nenhum outro êxito.
Tiveram uma passagem decepcionante pela Copa da África, em 92, e não se classificaram para a edição deste ano.
Seu técnico, o francês Henri Michel, assumiu a equipe quando já estava classificada e, mal aterrissou, recebeu pressões para que dois ilustres veteranos, o goleiro Thomas N'Kono e o atacante Roger Milla –autênticos mitos em Camarões–, voltassem à seleção, apesar de estarem inativos havia mais de dois anos.
A idéia de Michel de rejuvenescer a equipe teve que ser abandonada.
Além disso, as novas gerações de futebolistas camaroneses não têm sido tão brilhantes quanto as que atuaram na Copa da Espanha, em 1982, ou no Mundial da Itália, em 90.
Não é de se estranhar, portanto, que mais da metade dos homens que jogaram no último Mundial reapareçam na Copa do Estados Unidos.
Nomes como o do goleiro Joseph-Antoine Bell (Saint-Étienne, França), os zagueiros Stephan Tataw, Jean-Claude Pagal (Martigues, França), Viktor-Akeem N'Dip e Jules Onana, os meio-campistas Emile M'Bouh, Cyril Makanaki ou André Kana-Biyik (Le Havre, França) ou o atacante François Omam-Biyik (Lens, França) já são conhecidos por todos os homens que conhecem o futebol.
Henri Michel moverá estes homens dentro de seu clássico e rígido 4-4-2.
O acoplamento dos jogadores a este sistema é imprevisível. Provavelmente, como sempre foi comum nas equipes africanas, a anarquia geral da seleção a devolverá antes do normal a terras camaronesas.

O holandês Johan Cruyff, técnico do Barcelona, tetracampeão espanhol, escreve às terças, quintas e domingos.

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