São Paulo, domingo, 22 de maio de 1994
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Itália não é só Baggio, adverte Dino Zoff

MÁRIO MOREIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O ex-goleiro Dino Zoff, capitão da última seleção italiana a ganhar uma Copa do Mundo, em 82, acredita que o talento do meia Baggio não é o único trunfo da Itália para a conquista do Mundial de 94 nos EUA.
Zoff, 52, vê outras virtudes na seleção de seu país, como a força do conjunto e a presença de jogadores como o líbero Baresi, o lateral Maldini e o atacante Signori.
Além da Itália, o ex-goleiro aponta os tradicionais Brasil, Alemanha, Argentina e Holanda como favoritos à próxima Copa.
Zoff está em São Paulo como treinador da Lazio, que veio disputar o Torneio Internacional Brasil-Itália com o Palmeiras, o Santos e o Parma.
Nesta entrevista, ele falou sobre a perspectiva de assumir a presidência da Lazio, o que ocorrerá em julho, e relembrou seus tempos de jogador –em especial a partida Itália 3 x 2 Brasil, na Copa de 82.

OS FAVORITOS
"Creio que sejam os mesmos de sempre. Não conheço muitas seleções, mas acredito que o título ficará entre Brasil, Itália, Alemanha, Holanda e Argentina.
E haverá, sem dúvida, alguma `zebra' chegando perto, que pode ser a Colômbia ou qualquer seleção européia."
A ITÁLIA
"A Itália é forte. Não estou convencido de que a equipe dependa demais de Baggio, como dizem alguns. O futebol italiano é um dos melhores do mundo e por isso capaz de apresentar, além de Baggio, ótimos jogadores, como Baresi, Maldini, Signori e tantos outros."
1ª FASE
"A Noruega será o adversário mais difícil, porque é uma equipe muito mais robusta do que a Irlanda e o México."
O BRASIL
"Ultimamente, não vi a equipe jogar. Mas conheço vários jogadores que atuam e atuaram na Europa, como Dunga, Branco e Jorginho. A idade média de 27 anos e meio é boa, porque a experiência é muito importante numa Copa."
A TÁTICA
"Não acredito em grandes novidades, haverá somente dois ou três modos de jogar: predomínio na marcação por zona, alguém ainda com marcação homem a homem, por aí."
OS GOLEIROS
"Existem vários muito bons, mas a consagração definitiva será na Copa. Na Itália, temos ótimos goleiros: Pagliuca, o titular, e Marcheggiani, o reserva. Há também o belga Preud'homme."
TAFFAREL
"Na temporada 92/93, esteve mais ou menos, o que me desagradou muito, porque o considero um ótimo goleiro. Na última temporada, porém, cumpriu uma ótima campanha. Acho que pegou confiança e está muito bem."
O JOGO DE 82
"São lembranças vivas. Ainda me recordo de tudo, e os torcedores italianos sempre me lembram de tudo. Foi uma partida excepcional, de risco, que tínhamos que vencer.
Chegamos a fazer 4 a 2, mas o gol de Antognoni foi mal anulado. Depois, no final, defendi uma cabeçada de Oscar em cima da linha.
Aquela partida nos deu a convicção de poder vencer o Mundial, até porque o Brasil era uma grande equipe, técnica, muito forte em todos os setores.
A Itália era muito veloz, perigosíssima. Não jogávamos bonito como o Brasil, mas éramos mais rápidos e, sobretudo, eficazes."
A DEFESA
"Foi a da cabeçada do Oscar. Fiz defesas mais difíceis do que aquela em outros jogos. Mas uma ótima defesa num momento decisivo é algo inesquecível para mim e todos os italianos. Parei aquela bola a dois centímetros da linha.
Naquele instante, me veio à cabeça uma defesa idêntica, jogando dez anos antes pela Itália contra a Romênia, quando o árbitro viu mal e marcou o gol, embora a bola não tivesse entrado.
Contra o Brasil, revi mentalmente, numa fração de segundo, todo aquele lance anterior e tive medo que o juiz se enganasse."
AS CRÍTICAS
"Na Copa de 82, recebemos críticas gravíssimas pelas primeiras atuações (empates de 0 a 0 com a Polônia e 1 a 1 com Peru e Camarões). Quando alguém dava uma entrevista, tinha sempre que se defender.
Então escolhemos a linha do silêncio, como defesa. A equipe se fechou e decidiu mostrar o que era capaz de fazer em campo."

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