São Paulo, domingo, 22 de maio de 1994
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Estrangeiras levam moda para as pistas

Beleza vira estratégia de marketing

HUMBERTO SACCOMANDI
DA REPORTAGEM LOCAL

A velocista norte-americana Gwen Torrence veio de penteado novo para o meeting De São Paulo. Com cabelo curto, ondulado e brilhante, e de costeletas, ela lembra Josephine Baker, cantora de jazz dos anos 20.
"Cada ano gosto de ter um penteado diferente", disse Torrence. Para a Olimpíada de 1996, em Atlanta (EUA), ela quer deixar os cabelos crescerem novamente.
Moda e beleza já estão presentes nas pistas de atletismo há algum tempo. As norte-americanas são as mais cuidadosas com o seu visual. Além de vaidade, isso faz parte da estratégia de marketing das atletas.
Torrence, por exemplo, apareceu para a entrevista coletiva vestindo um colã colorido e sexy.
Maquiada e de unhas pintadas, sempre que era alvo dos fotógrafos a atleta sorria e dava seu ângulo mais fotogênico.
Essa preocupação estética, com a beleza, num esporte de força física, parece estar se difundindo. As atletas cubanas, por exemplo, vieram produzidas.
Privilegiando o coletivo em lugar do individual, como reza a cartilha ideológica de Fidel Castro, quase todas elas apresentavam o mesmo visual.
Sem a sofisticação de Torrence, as atletas negras cubanas se apresentaram com os cabelos em trancinhas. As tranças estavam presas num rabo-de-cavalo, por uma fita colorida.
Nessa competição de vaidade, as russas definitivamente estão em último lugar. Belas atletas, como a loira Inna Lavoskaya, do salto triplo, não se preocupam em destacar a aparência.
Elas claramente não têm uma estratégia de marketing voltada para isso. Tímidas, acham que não terão um bom desempenho em São Paulo (o que todos sabem, pois trata-se de início de temporada, mas quase ninguém diz).
Lavoskaya afirmou, por exemplo, que um de seus passatempos preferidos é o tricô. Apesar da sinceridade, o tricô está mais associado a uma dona-de-casa das estepes russas do que a uma musa das pistas do atletismo internacional.
As brasileiras também não entraram completamente na onda da beleza nas pistas. Sem sofisticação, privilegiam o visual de uma época em que, no esporte, o importante era competir.

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