São Paulo, domingo, 22 de maio de 1994
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Aluguéis iniciais têm aumento em URV

TELMA FIGUEIREDO
DA REPORTAGEM LOCAL

Os valores de aluguéis iniciais em URV (Unidade Real de Valor) vêm subindo na maioria dos bairros da cidade de São Paulo, segundo pesquisa do Datafolha.
A comparação dos preços foi feita entre a 3ª semana de março (quando o Datafolha começou a coletar valores em URV) e a 1ª semana de maio.
O resultado registrou aumento em todas as médias por região. O maior (10,53%) aconteceu na região central, que inclui bairros como Santa Cecília, Higienópolis e Bela Vista (veja quadro ao lado).
O bairro de Santo Amaro (zona sul) teve a variação mais alta: 24,45%. Perdizes (zona oeste) vem em segundo lugar, com aumento de 16,89%.
Em alguns bairros foi registrada variação negativa. Na Vila Andrade (zona sul) ocorreu a queda mais expressiva: -14,4%.
Como a URV reflete a inflação, o correspondente em cruzeiros reais está constantemente sendo corrigido. Isso ajuda a entender porque os aumentos dos aluguéis iniciais em URV são preocupantes.
Equivale a dizer que os preços pedidos por proprietários estão subindo acima da inflação.
Rentabilidade gorda
Os preços de imóveis para alugar estão muito caros. Para saber o que é um valor alto ou um valor justo, pode-se tomar como referência a taxa de rentabilidade que o proprietário terá com o aluguel.
Nas locações residenciais, é considerada satisfatória uma rentabilidade mensal em torno de 0,8%, em relação ao valor do imóvel.
Para demonstrar que alguns proprietários e imobiliárias estão exagerando, basta pegar exemplos de valores de locação e venda.
O valor médio para locação de apartamentos com três dormitórios em Higienópolis é de 1.142,9 URVs (cerca de CR$ 1,8 milhão), segundo pesquisa do Datafolha na 1ª semana de maio.
Neste mês, a imobiliária Julio Bogorocin fez anúncio em jornal para venda de um apartamento de três quartos (165 m2 de área útil) e duas vagas na garagem, também em Higienópolis, por US$ 89 mil.
Considerando esse exemplo, o valor médio para locação no bairro representa aos donos de imóveis uma rentabilidade "gorda" de quase 1,3% ao mês com aluguel.
As imobiliárias alegam que os preços estão altos principalmente devido à incerteza dos donos de imóveis sobre como irá se comportar a economia depois da implantação do real (em 1º de julho).
Como desde 15 de março (data da criação da URV) os contratos têm reajuste anual, se a inflação não cair drasticamente –e continuar baixa–, no decorrer de 12 meses os proprietários voltariam a ter o valor do aluguel defasado.
O argumento serve como justificativa para proprietários e imobiliários continuarem elevando os valores iniciais.
Apesar de os preços hoje estarem caros, não há pressão real capaz de fazê-los cair, porque a oferta é restrita (cerca de 3.500 unidades em São Paulo).

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sobre aluguel na pág. 10-9

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