São Paulo, domingo, 22 de maio de 1994 |
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Região vive pressão por avanço social
DAVID COHEN
Segundo ele, a atual lentidão no processo democrático prenuncia uma nova onda de avanços. O simples fato de a maioria dos países da região manter o sistema democrático apesar das crises, especialmente com o desencanto pela falta de resultados sociais imediatos, é uma vitória. O assunto foi discutido no seminário "Democracia nas Américas: Até o Ano 2000", na Universidade de Notre Dame (Indiana, EUA), no começo do mês. A estrela do encontro foi Alejandro Foxley, ministro da Fazenda do Chile até três meses atrás. A outra estrela, o ex-ministro da Fazenda e atual candidato a presidente do Brasil Fernando Henrique Cardoso, avisou na véspera que não poderia ir. Foxley rejeitou a visão generalizada de que o sucesso econômico do Chile se deva às reformas do ex-presidente Pinochet. Disse que, no governo Aylwin, para cada ponto percentual de crescimento do PIB, 50 mil chilenos deixaram a faixa de pobreza. Com Pinochet, esse número era 15 mil por ponto de crescimento. Foxley reconheceu que o Chile, tido como modelo de progresso, está longe de uma situação tranquila, com 28% de pobres. O outro país normalmente tomado como exemplo de progresso, o México, sofreu baques este ano, com a revolta de Chiapas e o assassinato do candidato a presidente Luis Donaldo Colosio. "O próximo governo vai ter que questionar o projeto do presidente Salinas", disse Denise Dresser, do Instituto Tecnológico Autônomo do México. "O milagre mexicano trouxe mais pobreza, e Chiapas é um exemplo simbólico". Quase todos os conferencistas tocaram no mesmo ponto. Depois dos avanços do final dos anos 80, os cidadãos da América Latina exigem resultados sociais. "Quanto tempo leva para o receituário neoliberal funcionar?", perguntou o mediador do debate, Alan Riding, ex-correspondente do "New York Times" na América Latina e atual chefe do escritório do jornal em Paris. "Eu estive na Nicarágua há pouco. Inflação zero, vida zero", disse. "Nos últimos cinco anos, a democracia se fortaleceu na Colômbia", disse Rodrigo Pardo, assessor do candidato a presidente Ernesto Samper. "Mas 60% do povo acha a situação pior." Para Riding, a democracia é vista na América Latina como meio de resolver problemas –o mesmo sentimento que leva ao apoio a regimes autoritários. O jornalista David Cohen viajou a convite da Coca-Cola Texto Anterior: Democracia sobrevive na América Latina Próximo Texto: Israel sequestra líder guerrilheiro; Morre o ex-premiê italiano Goria; Coréia do Norte diz que aceita inspeções; Rutskoi conclama eleições antecipadas; Líder norte-iemenita rechaça divisão; O NÚMERO; Quartel da ONU em Ruanda é atacado Índice |
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