São Paulo, domingo, 22 de maio de 1994
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Executivos ignorantes em computação perdem lugar

USA Today
De Arlington

JULIA LAWLOR

Howard Jonas dirige sua empresa de alta tecnologia, que fatura US$ 20 milhões por ano, usando um telefone e um bloquinho amarelo de anotações.
Enquanto seus funcionários de 20 e poucos anos apostam corridas diárias na via expressa da informatização, Jonas tem em casa um relógio de corda, um telefone em que os números são discados e botões antiquados em sua vitrola.
Sua última inovação no trabalho é oferecer um serviço para executivos que não são "computer-literate" (alfabetizados em informática), que transforma seu correio eletrônico em fax de papel.
"Odeio tecnologia", diz Jonas, 37, executivo-chefe da IDT, uma companhia telefônica de Hackensack, Nova Jersey.
Para cada Howard Jonas há centenas de tecnófobos não-assumidos nos locais de trabalho. Eles tremem ao pensar que terão que gravar uma mensagem no sistema de "voice-mail" (correio por voz) da empresa. Quando a copiadora precisa ser reabastecida eles somem, quando a impressora a laser emperra eles se desesperam.
Ironicamente, muitas dessas pessoas ocupam posições de poder no mundo empresarial. Muitas vezes nascidos antes de 1964, elas se vêem gerenciando funcionários criados à base de videogames.
No recém-lançado livro "Just Do It", o autor Donald Katz conta que Phil Knight, 55, executivo-chefe da Nike, tem dificuldade em utilizar o sistema de "voice mail" da empresa, precisa de ajuda para operar o botão que abre a garagem da empresa, e costumava compor cartas num micro portátil, que ele depois entregou a um assistente para que ele apertasse as teclas certas.
Apesar da presença de 34 milhões de computadores nos locais de trabalho dos norte-americanos, a tecnologia ainda é o Tendão de Aquiles de muitos executivos.
Como conseguem acionar fontes de informação que estão fora do alcance de seus chefes, muitos funcionários na casa de 20 anos mudam o equilíbrio de poder.
"Hoje seus subordinados podem manipulá-lo e você nem fica sabendo", diz Marilyn Moats Kennedy, fundadora de uma empresa de consultoria de Illinois.
Os tecno-analfabetos se vêem em crescente desvantagem em situações sociais. Jonas sentiu isso na pele em uma convenção, quando um executivo pediu sua caixa postal no correio eletrônico. "Eu disse que não tinha, e ele simplesmente foi embora", recorda.
Na Ernst and Young, em Los Angeles, os sócios da empresa tomam aulas para aprender a usar o sistema de "voice-mail" ou como operar seus PCs, separados dos funcionários mais jovens. "Eles não querem parecer idiotas diante dos subordinados", explica a gerente Linda Belton.
Um candidato a uma vaga de vendedor na empresa de Jonas colocou uma lista de 18 programas no item "habilidades" de seu currículo. Não mencionou qualidades que lhe seriam úteis para vendas.
Um funcionário de 23 anos disse a Jonas que quando ele morrer, "a língua inglesa terá deixado de existir. As pessoas vão se comunicar por figuras de computador".
Jonas estremeceu, mas continua a instalar computadores e a contratar pessoas que os manejem. "As pessoas computadorizadas tomaram conta de tudo", diz.

Tradução de Clara Allain

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