São Paulo, domingo, 22 de maio de 1994
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Bonn quer economia moderna na Europa

RICHARD MURPHY
DA "REUTER"

A Alemanha planeja fazer pressões para a modernização econômica e uma maior aproximação com o Leste quando ocupar a presidência rotativa da UE (União Européia) neste segundo semestre.
O anúncio foi feito anteontem pelo ministro das Relações Exteriores, Klaus Kinkel.
Mas o Partido Social Democrata (PSD), que espera chegar ao poder durante a presidência alemã da UE, acha que o principal desafio a ser enfrentado é o desemprego.
"Vamos usar o período da presidência alemã a partir de 1º de julho para destacar a dimensão européia da política externa alemã", disse Kinkel ao Senado.
Sobre a primeira das prioridades alemãs, Kinkel disse que a Europa precisa remover estruturas inflexíveis que estão impedindo o crescimento econômico.
"A Europa precisa de um impulso de modernização para entrar na era da informática, se quiser criar empregos no futuro diante da competição global com a América do Norte e a Ásia."
A rápida implementação de diretrizes da comissão executiva da UE, que favorecem o crescimento da economia e a criação de emprego, vai ser defendida na cúpula da UE em dezembro em Essen, centro industrial da Alemanha, diz Kinkel.
Internamente, acrescenta, a Alemanha já tenta aplicar mudanças estruturais na economia, favorecendo a inovação empresarial e a responsabilidade individual.
"Na Europa, também, queremos acreditar mais no cidadão do que no Estado", disse Kinkel.
O vice-líder do PSD, Oskar Lafontaine, por sua vez, disse que os países da União Européia precisam agir em conjunto para reduzir o desemprego.
"O maior desafio na Alemanha e em toda a UE é o desemprego."
Lafontaine está sendo cogitado como ministro da Fazenda se o PSD derrotar a coalizão de centro-direita do chanceler Helmut Kohl nas eleições marcadas para 16 de outubro.
Na semana passada, ele defendeu "um pacto europeu contra o desemprego".
Lafontaine também disse que os temores de muitos europeus sobre o centralismo e a burocracia na UE precisam ser afastados.
Quanto aos governos, Lafontaine acha que devem controlar mais seus gastos.
Kinkel, de seu lado, disse que a Alemanha quer trabalhar para superar o "desnível de prosperidade" entre ela e os países que estão reformando suas economias na Europa central e oriental.
A UE, segundo Kinkel, deve gradativamente integrar a Suécia, a Noruega, a Finlândia e a Áustria.
"A Alemanha continuará sendo a defensora de um novo pensamento pan-europeu, em lugar de meramente europeu-ocidental", acrescentou.
Para Kinkel, é preciso desenvolver uma política comum sobre asilo e imigração, além de expandir a Europol, a agência policial da UE.
"Não devemos deixar que nossos cidadãos comecem a identificar a nova Europa pós-queda da Cortina de Ferro com criminalidade, drogas e refugiados ilegais da pobreza", acrescentou Kinkel.
Na sexta-feira, o Senado alemão aprovou uma resolução instando o governo a seguir adiante com a integração européia e, especialmente, a ajudar a democratizar a UE.

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