São Paulo, domingo, 22 de maio de 1994
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A voz da experiência

Nesta semana o ex-ministro e atual candidato Fernando Henrique Cardoso voltou a ganhar destaque. Desde o momento em que ocupara o centro das atenções, às vésperas e no lançamento do plano econômico, o senador vinha perdendo presença no cenário político do país.
Desafiando Lula para um debate sobre o programa de estabilização, FHC não só demonstrou iniciativa política, mas manteve seu nome ligado às medidas econômicas –que devem render fortes dividendos eleitorais se, como se espera, a inflação cair bruscamente– e colocou-se como principal adversário do candidato do PT, que hoje lidera com folga as pesquisas de opinião.
Coincidência ou não, foi nesta semana também que o PFL do governador baiano Antônio Carlos Magalhães homologou em convenção a aliança com o PSDB para as eleições e começou a assumir posições mais definidas sobre a condução da campanha presidencial.
O crescimento da influência dos novos aliados é visível. Além das pressões de ACM para que o governo adie eventuais medidas impopulares no combate à inflação, o PFL demonstrou ter ganhado espaço inclusive na atuação do governo dentro do Congresso Nacional.
Na votação desta semana, quando aprovou-se a medida provisória que criou a URV, algo portanto de crucial importância para o Executivo, foi o líder pefelista Luís Eduardo Magalhães (BA) quem conduziu boa parte das articulações, em detrimento do líder oficial do governo, Luiz Carlos Santos (PMDB-SP).
É natural que aliados políticos participem ativamente da campanha de seu candidato comum. Ademais, o PFL, em que pese as críticas quanto a seu perfil conservador e atuação fisiológica, tem como cacife uma razoável experiência e competência eleitoral: no Congresso é o segundo maior partido e na Bahia ACM tem 60% de aprovação.
Entretanto, se é certo que a maior influência do PFL pode modificar o discurso e a atuação de FHC, o mesmo não se pode dizer sobre sua efetiva capacidade de transferir votos para o candidato tucano.

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