São Paulo, domingo, 22 de maio de 1994
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Ex-gerentes apostam em turismo e artesanato

NELSON ROCCO
DA REPORTAGEM LOCAL

Deixar o cargo de executivo ou funcionário de uma grande empresa e mudar para um negócio próprio exige disposição para enfrentar desafios e correr riscos.
Mais do que ter uma grande soma em dinheiro para investir na empresa, é necessário "abusar" da criatividade para conseguir um lugar no mercado.
Maria José Marchi, 40, trabalhou por 14 anos na Indústria de Papel Simão, em São Paulo. Ela coordenava a tesouraria, o caixa e as aplicações financeiras.
Saiu da empresa em maio de 93, durante um processo de reestruturação. Dentro de 15 dias, ela e o sócio Carlos Augusto Leite, 51, inauguram um restaurante no bairro de Itapuã, em Salvador.
Marchi conta que os investimentos no Baoba Restaurante estão em US$ 8.000. "Meu sócio já tinha uma casa. Precisamos apenas fazer uma reforma e comprar os utensílios de cozinha."
Segundo ela, a opção foi em função da melhoria da qualidade de vida e do contato com a natureza que uma cidade como Salvador proporciona.
Os sócios Antonio Faricelli Filho e Wladimir Zecchiato, 43, têm história parecida. Eles saíram da Siemens em agosto de 93.
Zecchiato conta que analisaram várias hipóteses e acabaram abrindo uma franquia da agência de turismo Salt Lake, em janeiro.
Os investimentos na loja ficaram em cerca de US$ 30 mil. A agência fatura entre US$ 25 mil e US$ 30 mil por mês, mas as retiradas são baixas.
"Para termos uma retirada de US$ 3.000 cada –o salário anterior– precisaríamos faturar US$ 80 mil." O empresário diz que os planos são economizar para abrir outro negócio até o final de 94.
Fabricar artesanalmente telas para pintura foi a alternativa encontrada por José Roberto Paes Leme, 37, depois de deixar um cargo de gerente na Dynapac.
Ele trabalhou na empresa durante sete anos. Em julho de 93, Leme resolver engrossar um programa de demissões voluntárias.
O ex-gerente e um sócio fabricam as telas, administram a empresa e frequentam feiras de artes para vender a produção desde novembro passado.
Como a fábrica começou a crescer, eles decidiram contratar dois funcionários e buscar um emprego fora.
"Precisamos de recursos para investir na ampliação da produção e resolvemos não pedir empréstimos bancários", afirma.
Os investimentos foram de US$ 5.000. Segundo Leme, o valor "já retornou até março deste ano". O faturamento médio mensal é de US$ 1.600.
(NR)

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