São Paulo, segunda-feira, 23 de maio de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Líder do Counting Crows reclama da fama

DO "EL PAÍS"

Adam Duritz passou anos trabalhando em qualquer coisa: operário, lavador de pratos e vendedor de discos. O último era o mais próximo de suas ambições.
Fez parte de vários grupos pequenos até surgir o Counting Crows, há pouco mais de um ano.
"Na realidade eu não tinha a menor idéia do que queria. Com o resto do grupo era a mesma coisa. Até o sucesso do disco, pode-se dizer que eu caminhava para me tornar um perdedor."
Mas –pelo menos por ora– ele ganhou a partida. Da noite para o dia, os Counting Crows passaram a sentir o peso da fama, e sua vida deu uma virada total. "Esse negócio de sucesso não me interessa."
A Europa parece ser um lugar inacessível para Duritz. Ele viajou pelo continente há alguns anos, mas é como se tivesse ido.
"Estava angustiado demais pelo que minha vida era na época. Eu não ia a lugar algum, não sabia o que fazer e não pude curtir a Europa. Hoje, eu curtiria."
Uma pergunta sobre sua visão desesperançosa da vida o leva a reagir. "Não sou pessimista", protesta. "É que as coisas são assim mesmo. Faço música porque é isso que me comove realmente, é assim que consigo botar meus sentimentos para fora. É a coisa mais significativa que posso fazer. O resto não vale a pena."
Apesar disso Duritz também não acredita nos poderes redentores da arte. "Os artistas são casos isolados. Cada um tem consciência de ser tão só. Deve ter sido o que Kurt Cobain sentiu. Talvez ele não tenha sido extraordinário, mas foi um no meio de uma multidão de pessoas diferentes dele."

Tradução de Clara Allain

Texto Anterior: Dupla Beavis e Butt-head mostra suas favoritas em CD
Próximo Texto: Segundo semestre tem festivais de rap e metal
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.