São Paulo, terça-feira, 24 de maio de 1994
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Parreira adia definição do time para motivar o grupo

JOÃO MÁXIMO
DA SUCURSAL DO RIO

Carlos Alberto Parreira nega que já tenha escalado a seleção brasileira para a estréia na Copa dos EUA contra Rússia, a 20 de junho.
A suposta escalação teria Taffarel; Jorginho, Ricardo Rocha, Ricardo Gomes e Branco; Mauro Silva, Dunga, Raí e Zinho; Bebeto e Romário.
Segundo ele, esta formação, a mesma que venceu o Uruguai na última e decisiva partida das eliminatórias do ano passado, é a sua base para a Copa.
Deve até ser a que vai começar o amistoso com o Canadá, dia 5, em Edmonton, mas não necessariamente a da estréia no Mundial.
"Seria um desestímulo para os outros 11 definir, com tanta antecedência, o time titular", diz Parreira.
"Além do mais, temos pela frente quase quatro semanas de treinamentos e amistosos, durante as quais muita coisa pode acontecer", completou.
Com isso, o técnico da seleção deixa claro não haver "donos de posição" entre os 22."Não tenho compromisso com a escalação de ninguém."
Segundo ele, qualquer dos 11 da formação-base, inclusive Raí e Branco, pode dar seu lugar a outro que esteja em melhores condições no dia da estréia.
Com tudo isso, Parreira não nega que a experiência de cada jogador pesa muito em suas decisões.
Por exemplo, o fato de Branco estar partindo para sua terceira Copa do Mundo é lembrado por ele sempre que se fala no lateral.
"É evidente que esta não é uma regra rígida, do contrário Ronaldo não estaria no grupo. Mas é preciso ter em conta que Ronaldo já demonstrou personalidade, não sentiu o peso da camisa no amistoso com a Islândia, é um garoto excepcional e tem tudo para se sair bem nos Estados Unidos", analisa.
Quanto a Branco, Parreira acha que "é claro que também pode sentir o clima emocional de uma partida. Não há jogadopr que não o sinta numa Copa do Mundo. Mas jamais entrará em pânico".
Parreira saiu do Rio com sua mulher, ontem à tarde, para ficar com corpo e mente afastados da seleção.
Disse que esse isolamento é necessário para quem vai passar 53 dias longe da família (ele conta com o Brasil na final de 17 de julho). Mulher e filhas não o acompanharão aos Estados Unidos.
Se Parreira parece ter todas as certezas sobre a seleção brasileira, tem pelo menos uma grande dúvida para a Copa: até que ponto os três pontos por vitória – adotados este ano pela Fifa – vão pesar na primeira fase da competição?
"É a primeira vez que esse critério é vigora", observa o técnico. "Antes, dois empates equivaliam a uma vitória. Hoje, valem um ponto menos."
Já os 11 reservas no banco ele considera uma modificação que só vem ajudar treinadores que, como ele, contam com bons suplentes.
"Na hora de uma substituição, o técnico já não precisa correr riscos improvisando alguém em pleno calor do jogo. Basta mandar entrar o reserva natural de quem sai", diz Parreira.
Sobre outra mudança que se pretende introduzir na Copa de 1998, na França, o técnico da seleção pensa diferente de Ricardo Teixeira, presidente da CBF.
Teixeira apóia a idéia de seu sogro e presidente da Fifa, João Havelange, de 32 países em vez de 24 na fase final. "Se com 24 seleções já há uma grande complicação de datas e locais, imagine com 32", analisa.
Parreira responde sempre do mesmo modo às perguntas feitas sobre Raí, Branco e Romário.
Acredita que o primeiro estará em plena forma no dia 20 e acha que estão fazendo muita pressão sobre o segundo (citou uma manchete de jornal que dizia: "Renuncie, Branco!").
Sobre Romário, o técnico acha que tudo que Romário faz ou diz ganha "destaque exagerado" na imprensa: "Que tal falarem um pouco mais da excelente forma dos outros 21?".

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