São Paulo, terça-feira, 24 de maio de 1994
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Como entreter a criançada

ZECA CAMARGO

No seu livro infantil, Duane Michals acerta porque respeita a primeira regra para se falar com crianças: não achar que elas são idiotas. O fotógrafo seduz com aquilo que elas mais gostam: decifrar mistérios.
Muitos deles são verbais e não resistem à tradução. Mas, deixando as rimas de lado, é fácil se deliciar com texto como "História sobre a História", por exemplo, onde Michals escreve com sua trêmula (e famosa) caligrafia:
"Essa é uma história sobre um homem que está contando uma história sobre um homem que está contando uma história. Ele olha no espelho e conta seu conto para o homem que ele vê no espelho". Complicado? Olha a conclusão: "Você contou a história para mim ou eu a contei para você?"
E mesmo sem o texto, as imagens de Michals trazem o delírio. Como no "storyboard" da dança ziguezague de Zippy Carlos. Ou na ilustração do que é preciso para se fazer mágica ou o manjado jogo dos nove erros.
Mas nada é tão singelo quanto a sequência de fotos "Vovô Vai para o Céu", em que um garoto vê o avô saindo pela janela com asinhas de anjo. Nada macabro, só bonito.

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