São Paulo, terça-feira, 24 de maio de 1994
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Herzog é conservador com toques liberais

TOM HENEGHAN
DA "REUTER", EM BERLIM

Roman Herzog, 60 anos, o democrata-cristão eleito na segunda-feira para ser o próximo presidente da Alemanha, gosta de temperar seus pontos de vista conservadores com toques de humor irônico e nuances liberais.
O robusto bávaro já surpreendeu os alemães tantas vezes durante sua carreira de político e presidente da Suprema Corte que eles não têm certeza de como ele irá se comportar como chefe de Estado.
Seu hábito de posicionar-se inesperadamente à esquerda ou à direita política levou os jornalistas, confusos, a usar palavras como "barroco" ou "imprevisível" para descrevê-lo.
"Seria preciso discutir muito o que significa `liberal' ou `conservador"', disse ela certa vez.
A única coisa certa é que Herzog dirá o que pensa o mais abertamente possível, no cargo quase destituído de poder de "consciência moral" do país e seu principal cortador de fitas em cerimônias de inauguração.
Em sua campanha presidencial cuidadosa e muito diplomática, Herzog quase cometeu uma gafe enorme ao sugerir, numa das entrevistas que concedeu, que os estrangeiros que recusam a cidadania alemã devem deixar o país.
Herzog conquistou fama de durão em 1982, quando na condição de ministro do Interior do Estado de Baden-Wuerttemberg ele propôs que se obrigasse os participantes de manifestações de protesto a pagar os custos da polícia que os arrasta para fora dos locais em que se manifestam.
Quando era juiz da Suprema Corte, ele surpreendeu seus críticos liberais ao decidir que não se poderia proibir manifestações apenas porque elas talvez estivessem infiltradas por uma minoria violenta.
Em 1992 Herzog se opôs à linha-dura proposta pelo CDU na questão da imigração, pedindo reformas para facilitar a adoção da cidadania alemã pelos estrangeiros residentes no país.
Em várias ocasiões ele já qualificou de "totalmente superada" a atual lei restritiva, que define a cidadania pelo fato da pessoa ter ancestrais alemães, não pelo fato de haver nascido ou sido criada na Alemanha.
Herzog é um especialista em direito internacional e fala com o sotaque distintivo de sua Baviera nativa. Ele também é incomum pelo fato de ser protestante, apesar de haver nascido num Estado predominantemente católico.
Quando ingressou na política, em 1970, quando era um simples advogado, Herzog ingressou no CDU em lugar de seu partido-irmão bávaro mais conservador, a União Cristã Social (CSU).

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