São Paulo, quinta-feira, 26 de maio de 1994
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Equipe teme pressão para reindexar salários

VIVALDO DE SOUSA; LILIANA LAVORATTI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A equipe econômica está preocupada com as pressões que podem surgir pela reindexação dos salários após a criação do real. Estas pressões podem vir se a inflação acumulada nos três primeiros meses de real não ficar abaixo de 5%.
Estimativas preliminares de técnicos do Ministério da Fazenda prevêem inflação de 3% em julho, quando entra em vigor a nova moeda. Se persistir em 3% em agosto e setembro, vai acumular 9,27% no terceiro trimestre.
Na avaliação de integrantes da equipe econômica, uma inflação de 9,27% é um problema, pois pode se tornar uma boa bandeira para as categorias que têm data-base em setembro e com poder de mobilização, como os bancários.
O receio é que a reposição salarial gere a reindexação de toda a economia. Esse foi um dos problemas de todos os planos de estabilização econômica anteriores.
O deputado Paulo Paim (PT-RS) disse à Folha que pretende apresentar ao Congresso um projeto permitindo a indexação mensal de salários, desde que ela seja acertada livremente entre empregadores e empregados.
A reposição de perdas salariais antes da data-base foi proibida pelo projeto de conversão da MP (medida provisória) 482. O projeto foi aprovado pelo Congresso, mas ainda não foi sancionado pelo presidente Itamar Franco.
A previsão de uma inflação na casa dos 3% no primeiro mês do real se baseia na hipótese de que o varejo vai embutir nos preços o resíduo de parte da inflação passada.
A inflação em URV acumulada de maio de 93 a abril deste ano é de 8,3%, de acordo com a Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas da Universidade de São Paulo).
Depois da implantação da URV, em 28 de fevereiro, a inflação medida pela Fipe em URV foi de 0,73% em março e 2,67% em abril. No primeiro quadrimestre deste ano, o acumulado foi de 1,81%. Em janeiro, foi de 0,94% e em fevereiro, de menos 2,54%.

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