São Paulo, quinta-feira, 26 de maio de 1994
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FHC desaconselha reajuste

SÔNIA MOSSRI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O candidato da aliança PSDB–PFL à Presidência, Fernando Henrique Cardoso, telefonou para o presidente Itamar Franco para desaconselhar a concessão de reajuste para o funcionalismo público federal antes da criação do real, em 1 de julho.
Até agora, Itamar não está disposto a conceder o reajuste antes da entrada do real, o que irritou o ministros militares.
O adiamento do reajuste –estava previsto um aumento de 28%– para agosto provocou uma crise do Planalto com os militares.
Os militares alegam que vão entrar no real com vencimentos defasados e com os preços na economia remarcados.
O ministro-chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, Arnaldo Leite Pereira, repetiu várias vezes ao presidente, durante reunião na terça-feira, que o salário dos militares está "insuportavél" e a insatisfação na tropa pode gerar quebra de disciplina.
FHC avalia que o aumento ao funcionalismo público teria repercussões negativas para o plano de estabilização, mesmo argumento utilizado pelo ministro da Fazenda, Rubens Ricupero.
FHC disse ao presidente Itamar Franco, na última terça-feira, que o aumento seria interpretado como uma falta de compromisso do governo com a austeridade nos gastos públicos.
Integrantes da equipe econômica informaram FHC sobre as pressões dos ministros militares e do secretário de Administração Federal, Romildo Canhim, para reajustar os salários do funcionalismo.
O assessor especial da Fazenda, Edmar Bacha, o secretário-executivo, Clóvis Carvalho, o diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central, Gustavo Franco, e o secretário de Política Econômica, Winston Fritsch, são filiados ao PSDB e mantêm conversas frequentes com FHC.
Até terça-feira, os militares estavam convencidos de que o o presidente autorizaria o reajuste ainda nesta semana.
A intervenção de FHC foi considerada decisiva para evitar a concessão do reajuste para o funcionalismo público.

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