São Paulo, quinta-feira, 26 de maio de 1994
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EUA mantêm privilégios para China

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

O presidente americano, Bill Clinton, resolveu prorrogar por mais um ano a condição da China como "parceiro comercial privilegiado" dos Estados Unidos.
A decisão só será anunciada no dia 3 de junho. Até lá, Clinton estudará fórmulas de aplacar a reação negativa de grupos de defesa dos direitos humanos, que têm pedido o fim desse privilégio.
Depois de uma rodada de consultas com seus assessores econômicos e de segurança, o presidente decidiu que não é do interesse do país agravar os problemas já existentes nas relações com a China.
O mercado chinês é um dos mais promissores para produtos dos EUA, que têm grande déficit em sua balança comercial. Diversas grandes empresas pressionam a Casa Branca para não hostilizar o governo chinês.
Além disso, o apoio chinês ao esforço dos EUA para impedir que a Coréia do Norte desenvolva armas nucleares é considerado essencial para a defesa do país.
Clinton atacou o ex-presidente George Bush durante a campanha eleitoral de 1992 por manter privilégios comerciais para a China.
Num dos debates na TV, Clinton acusou Bush de "mimar tiranos" com sua política chinesa.
As necessidades da "realpolitik" o estão obrigando, também neste caso, como já ocorrera em relação ao Haiti e à Bósnia, a manter ou mesmo ampliar as políticas de Bush que ele havia criticado na campanha.
Talvez Clinton aplique algumas sanções comerciais à China em áreas relacionadas com a indústria bélica, com o objetivo de mostrar ao público interno sua preocupação com os direitos humanos.
Mesmo essas opções, no entanto, estão sendo avaliadas com muito cuidado pelo governo porque a China já deu sinais de que vai retaliar a qualquer penalidade imposta a ela pelos EUA.
A insatisfação que Clinton vai provocar junto a defensores dos direitos humanos será grande, num período em que a pressão sobre os responsáveis por sua política externa aumenta a cada semana.
A revista "Time", maior semanário do país, se juntou ao coro de publicações que pedem a renúncia do secretário de Estado, Warren Cristopher, considerado o principal responsável pelos fracassos do governo nessa área.

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