São Paulo, quinta-feira, 26 de maio de 1994
Texto Anterior | Índice

Imparcialidade; `Bate-boca'; Gestão da saúde; Perigo amarelo; `Primeira-companheira'; Lula e a lei eleitoral; Disque-parlamentar; Só quatro anos

Imparcialidade
"Considerando-me autorizado pelas críticas que recebi da Folha quando estava no exercício de vários mandatos legislativos e pela certeza que tenho de que entre os articulistas desse jornal não se encontram fãs incondicionais dos candidatos do meu partido, o PMDB, quero louvar a isenção e o espírito de brasilidade contidos nos textos de jornalistas conceituados como: Clóvis Rossi, Josias de Souza, Gilberto Dimenstein e Janio de Freitas, dentre outros. Esses profissionais abordam em seus trabalhos, com lucidez e imparcialidade, desde as flagrantes incoerências promovidas por tucanos e petistas, ao combate ao monstro maior que é a corrupção. Para isso, não são poupadas as administrações públicas de qualquer partido. Chega a ser incômoda, mas necessária para a nossa sociedade, a iniciativa desses jornalistas, quando, através de nítidos e irretocáveis artigos, avivam a lembrança dos desmemoriados, que se envolvem no `faça o que digo, mas não faça o que faço'. A Folha prestaria mais um relevante serviço ao horrorizado povo brasileiro se buscasse, ainda mais, informações sobre as constantes violações da lei 8.666, que rege as licitações e contratos públicos, hoje uma das legislações menos cumpridas neste país, utilizando-se o artifício das prorrogações contratuais."
Del Bosco Amaral (Santos, SP)

`Bate-boca'
"Como brasileira e eleitora que sou, gostaria de pedir aos candidatos, em nome de todos os brasileiros, que procurem manter um bom nível nesta campanha, pois esse `bate-boca' eleitoral de baixo nível só faz com que percamos, ainda mais, a vontade de votar."
Lívia Bastos (Belo Horizonte, MG)

Gestão da saúde
"O sr. José A. Pinotti continua dando provas de sua incompetência, mesmo já tendo saído da Secretaria de Saúde. Desafio este sr. a provar o que escreveu nesta mesma coluna no dia 24/05: que nós, médicos do Estado, trabalhando 20 horas semanais, ganhávamos durante sua gestão cerca de US$ 1.000 mensais. Esta tática de enganar a população é vil e covarde, típica dos maus patrões. Quanto às reformas e melhorias que diz ter feito no Hospital Emílio Ribas, não passaram de simples maquiagem, tanto que até hoje o hospital não consegue operar em sua totalidade –e a imprensa denuncia em que condições, quase diariamente, há muitos anos. Ele deveria saber disso. Aliás, com certeza sabe. Em relação ao esqueleto do Instituto da Mulher, gostaria de esclarecer que não sou machista, como ele me acusa. Sou contra esta obra centralizadora do atendimento à mulher carente na área dos Jardins, e contra a forma como foi feita. Sem previsão orçamentária, atabalhoadamente, usurpando inclusive área física do Hospital Emílio Ribas. E agora, o que temos? Um amontado de concreto abandonado, construído, como sempre, com o dinheiro da população."
Caio Rosenthal, médico do Instituto de Infectologia do Hospital Emílio Ribas (São Paulo, SP)

Perigo amarelo
"Fico perplexo com a atenção que a mídia tem dado ao Romário. Quase todo dia ele é manchete de primeira página, com direito a foto, nos principais jornais do país. Outro aspecto é a incoerência dos `formadores de opinião'; nas eliminatórias, o Parreira era teimoso e burro porque não chamava o `salvador' Romário; agora, o Romário é desagregador do grupo e um perigo para a seleção."
Ronaldo C. Franco (São Paulo, SP)

`Primeira-companheira'
"Gostaria, através desta coluna, que a dona Marisa, aspirante a primeira-dama, ou `primeira-companheira', como queira, soubesse que para ser assistente social não basta apenas ser casada com o presidente da República. Para tal, ela precisaria cursar faculdade de serviço social por quatro anos."
Ana Jara Fernandes Barroso Salles (São Paulo, SP)

Lula e a lei eleitoral
"A Folha ataca sordidamente o candidato Luiz Inácio Lula da Silva por `desrespeitar e criticar a legislação eleitoral', como se utilizar um carro de som de terceiros fosse crime. Mas, enfim, é a lei. O espantoso –e grotesco– é quando o jornal usa o mesmo tom, baixo e leviano, para descaracterizar o legítimo direito de defesa de qualquer cidadão, por basear-se numa `lei autoritária do regime militar'. Ora, o que é isso? A Folha defende a lei apenas quando lhe convém?"
Maurício Rudner Huertas (São Paulo, SP)

"Totalmente infeliz o artigo de Josias de Souza, `Sindicalismo eleitoral', na Folha de 24/05. Diria que lhe faltou sinceridade ao tratar do assunto, pois é sabido que fatos parecidos e até muito piores ocorrem em outros partidos, quase sempre às escondidas. Sendo assim, não evocaremos aquele sábio ditado: `um erro não justifica o outro'. Sejamos claros e honestos! A instrumentalização política das elites em favor dos seus candidatos é antiga e enrustida. E basta de papo-furado sobre contribuições a candidatos. O trabalhador, se achar correto, deve contribuir mesmo, ou não sairemos dessa situação vexatória e injusta em que as elites políticas desses países nos impuseram."
Hélio Souza Oliveira (Osasco, SP)

Resposta do jornalista Josias de Souza – Recomendo ao leitor que perca algum tempo lendo a legislação eleitoral. Se o fizer, notará que, apesar de imperfeito, o texto permite que pessoas físicas doem dinheiro para campanhas políticas. O trabalhador não precisa caminhar à margem da lei para ajudar o candidato de sua preferência, seja ele quem for.

"Logo após serem homologados os candidatos a presidente do Brasil, iniciaram a tradicional `troca de elogios' entre eles. É um tal de acusa-acusa que fica difícil para o eleitor saber quem é honesto neste meio todo. Sobrou até para a Folha, que está sofrendo um processo movido por um candidato só porque informou os seus eleitores a respeito de fatos relacionados com a sua campanha. É preciso parar com essa hipocrisia. Quem não for pecador que atire a primeira pedra."
Alex O. R. de Lima (São Paulo, SP)

Disque-parlamentar
"Sugiro que as entidades mais representativas da sociedade civil se unam para patrocinar a criação do disque-parlamentar, um serviço telefônico gratuito que forneça informações objetivas sobre a atuação de cada parlamentar na última legislatura. Sabendo como votou o parlamentar nos temas mais importantes, qual o seu envolvimento em escândalos, o eleitor terá condições de fazer um juízo melhor do candidato em quem pensa votar."
Danilo da Silva (São Paulo, SP)

Só quatro anos
"Inversão de valores, pressuposição de desonestidade, fisiologismo covarde. Só estas, isoladas ou em conjunto, poderiam ser as explicações para que o Congresso revisor aprovasse a redução do mandato presidencial de cinco para quatro anos, sem permitir ao ocupante do cargo a reeleição. Nenhum programa de governo consistente pode ser realizado em escassos quatro anos."
João Carlos Schleder (São Bernardo do Campo, SP)

Texto Anterior: O sindicato das mulheres
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.