São Paulo, sexta-feira, 27 de maio de 1994
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Empresas cedem ônibus a FHC sem bônus

TALES FARIA; EUGÊNIO NASCIMENTO
ENVIADO ESPECIAL A ARACAJU

O candidato do PSDB à Presidência da República, Fernando Henrique Cardoso, foi recebido ontem em Aracaju por eleitores transportados em ônibus cedidos por empresas privadas sem a contrapartida de bônus eleitorais, uma exigência legal.
José Evaldo dos Santos, vice-presidente do PSDB de São Cristóvão (município vizinho a Aracaju), confirmou ter levado ao aeroporto 72 pessoas em dois ônibus da Viação Progresso.
Segundo ele, os ônibus foram cedidos por Maria do Carmo Alves, mulher do governador pefelista João Alves Filho.
O PFL vai indicar o vice da chapa tucana ao governo do Estado, encabeçada pelo senador Albano Franco.
Maria do Carmo Alves afirma que não conhece José Evaldo. Ela diz que não pediu favores "a qualquer empresário". Segundo disse, os ônibus foram cedidos porque "sempre alguém tem um amigo que tem empresa de ônibus".
Albano Franco afirma que a prática de utilização de ônibus de empresas particulares na campanha "é muito comum" em Sergipe. "Todas as empresas cedem ônibus para todos os candidatos, e, assim, ficam bem com todas as administrações", disse.
O deputado federal Messias Góis (PFL), amigo do governador, procurou isentar a primeira dama, assumindo ele mesmo a responsabilidade.
"Esses ônibus não foram coisa da dona Maria do Carmo. Foram outras pessoas, inclusive eu", afirmou Góis.
"Não tenho nada a ver com isso. Não sei como nem de onde essas pessoas vieram", disse FHC ao desembarcar no Aeroporto de Aracaju, às 13h30.
Às 15h30, deixou o palácio em direção ao município de Neópolis, onde visita projetos de fruticultura irrigada.
Aracaju é primeira etapa de sua viagem ao Nordeste.
Bônus
A Lei Eleitoral exige que mesmo as contribuições indiretas às campanhas políticas, como no caso dos ônibus, sejam feitas através de bônus eleitorais, que devem ser retirados na Casa da Moeda.
Os valores são posteriormente enviados ao Ministério da Fazenda.
O bônus foi a forma encontrada pela Justiça Eleitoral para identificar os doadores de recursos às campanhas e fiscalizar o montante cedido.
O objetivo é impedir que o abuso do poder econômico interfira no resultado das eleições.

Colaborou EUGÊNIO NASCIMENTO, da Agência Folha em Sergipe

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