São Paulo, sexta-feira, 27 de maio de 1994
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Brasileiro acha que real não reduz inflação

CLÓVIS ROSSI
DA REPORTAGEM LOCAL

A maioria absoluta dos eleitores brasileiros (55%) acha que a introdução da nova moeda, o real, não vai derrubar a inflação.
É o que mostra pesquisa feita pelo Datafolha com 3.911 entrevistados distribuídos por todo o país, nos dias 23 e 24 passados.
Esses 55% de pessimistas dividem-se entre os 33% que acham que a inflação fica como está e os 22% ainda mais pessimistas, que esperam um aumento do nível inflacionário.
Apenas 32% dos pesquisados acreditam que a inflação vá cair a partir da introdução do real, marcada pelo governo para o dia 1º de julho.
Os outros 12% não sabem se a inflação aumenta, diminui ou fica como está.
O pessimismo do eleitorado em relação à nova moeda é coerente com a avaliação global do plano econômico. Uma maioria relativa (40%) sente-se mais prejudicado do que beneficiado com o plano.
Apenas 18% consideram-se beneficiados, enquanto os restantes 33% acham que o plano é indiferente para suas vidas pessoais.
A queda no apoio ao plano é muito forte, entre dezembro, mês da pesquisa anterior, e maio. Antes, apenas 18% achavam o plano ruim para o país. Agora, a opinião negativa é de 37%, o dobro portanto.
Idêntico resultado aparece na avaliação dos efeitos do plano sobre a vida pessoal de cada pesquisado. Em dezembro, apenas 22% sentiam-se prejudicados. Agora, são 40%.
O efeito eleitoral do plano é menos favorável a seu autor, Fernando Henrique Cardoso, candidato do PSDB/PFL/PTB, do que se poderia supor.
Entre os 40% que se consideram prejudicados, a maioria não se inclina para o principal adversário de Fernando Henrique, o petista Luiz Inácio Lula da Silva.
Quem capta maior número de votos entre os descontentes com o plano é Orestes Quércia, do PMDB, que fica com quase a metade dessa faixa de pesquisados (exatamente 47%).
Voto
Surpresa maior ainda aparece no item da pesquisa que mede a intenção de voto cruzada com a expectativa para a inflação após a introdução do real.
Os pessimistas, ou seja, os que esperam aumento da inflação ou a manutenção do altíssimo patamar atual, inclinam-se, na maioria, para Flávio Rocha (PL).
Rocha leva 41% dos votos do que acreditam que a inflação ficará como está e 28% dos ainda mais pessimistas, os que apostam em aumento do patamar inflacionário.
Todos esses dados, de qualquer modo, devem ser relativizados, pois os pesquisados confessam baixo grau de informação sobre o plano.
Apenas 10% se consideram bem informados, contra 57% que se dizem mal informados e 33% que estão mais ou menos informados, conforme a sua própria avaliação.

LEIA MAIS
sobre pesquisa Datafolha à pág. 1-5

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