São Paulo, domingo, 29 de maio de 1994
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Dois ex levam briga de casa para as urnas

XICO SÁ
ENVIADO ESPECIAL A NATAL (RN)

Lavoisier Maia (PDT) e Wilma Faria (PSB), ex-Maia, podem repetir nas eleições de outubro, nas urnas, o conflito que tiveram dentro de casa, há três anos, quando iniciaram um processo de separação.
Ex-marido e ex-mulher, eles disputam o governo do Rio Grande do Norte. Os dois prometem campanhas civilizadas, sem agressões, mas não convencem nem a família.
Lavoisier e Wilma foram casados durante 26 anos e tiveram quatro filhos. O senador, antes de se casar, teve uma filha, Maria Socorro Maia, hoje com 39 anos.
O enredo
A história começou com a marca do sensacionalismo no dia 20 de maio de 1991. O "Jornal de Natal" publica a seguinte manchete: "Mulher afirma: Wilma tem romance com homem casado".
A reportagem era um depoimento da engenheira Ismênia Batista, que resolveu tornar públicas acusações de traição contra Wilma, até então sua amiga.
Ismênia incendiou Natal com as suas declarações. Segundo ela, o seu marido, o advogado Hérbat Spencer, mantinha "um caso de amor" com Wilma –na época prefeita da cidade.
O senador Lavoisier Maia, segundo a sua irmã Laurenize, ficou abalado, mas não acreditou.
Detetive
Depois da insistência de amigos, Lavoisier, segundo Laurenize, contratou um detetive particular com a missão de seguir os passos da sua mulher e tentar comprovar o suposto romance.
A essa altura, em junho, o senador e a prefeita passaram a morar em casas separadas.
Sem se incomodar com o assunto, Wilma relatava somente aos amigos que o marido senador a traía há muito tempo, em Brasília, onde passava a maior parte do tempo.
Meses depois, em outubro, Wilma revela, em uma entrevista coletiva à imprensa, que está namorando o advogado Spencer –um dos seus assessores na Prefeitura.
A atitude foi considerada corajosa para os padrões das tradicionais famílias do Nordeste. Wilma é sobrinha do ex-senador Dinarte Mariz, chefe de um dos clãs políticos da região.
"Era preciso mostrar, sem hipocrisia, que os políticos também passam por situações como essa, de separação", diz a ex-prefeita.
Temores
Apesar das promessas de civilidade, o temor de que ocorra o contrário existe até mesmo entre os quatro filhos do ex-casal.
Segundo amigos da família, eles haviam apelado para que Wilma e Lavoisier jamais disputassem o mesmo cargo.
O apelo não deu certo. Ana, 29, Márcia, 28, Lauro, 27, e Cíntia, 23, recusam-se, no entanto, a falar sobre o assunto. Os pais dizem que eles estão "neutros".
Os bens do casal não foram divididos oficialmente perante a Justiça, pois o processo de separação litigioso ainda não chegou ao fim.
Por enquanto, foram distribuídos os imóveis da família.
Cada filho ficou com uma casa ou apartamento, Wilma também com uma casa e Lavoisier com duas, uma de praia, outra na cidade de Natal.
Na semana passada, já no início da campanha, os dois se esbarraram, cara a cara, na cidade de Mossoró (a 300 km de Natal). Era uma festa da Prefeitura.
Wilma olhou firme para o ex-marido. Lavoisier virou o rosto, afetou naturalidade e passou a apertar a mão de políticos.
Remoendo
Membros da família Maia contam que Lavoisier demorou pelo menos dois anos para se conformar com a separação.
Hoje, Wilma mora com seu novo marido. Lavoisier diz que optou por não se casar e mora sozinho.
Ambos concorrem ao governo com outros dois candidatos: Garibaldi Alves Filho (PMDB) e Francisco Mineiro (PT).
Wilma e o ex-marido subiram juntos em muitos palanques. Ele a lançou na política em 1985, apresentando o seu nome, pelo PDS, à Prefeitura de Natal.
Ela perdeu essa eleição, mas, em 1986, pelo mesmo partido, elegeu-se, com 153 mil votos, deputada federal. Dois anos depois, conseguia a Prefeitura de Natal, pelo PDT.

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