São Paulo, domingo, 29 de maio de 1994
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Real vai facilitar controle do orçamento

VERA BUENO DE AZEVEDO
DA REPORTAGEM LOCAL

O real vai exigir do consumidor uma grande mudança de comportamento.
Com os valores dos contratos e o salário estabilizados, será mais fácil visualizar e controlar o orçamento doméstico.
Esta facilidade, entretanto, não significa menos trabalho para "esticar" seu dinheiro e fechar o mês com as receitas e despesas equilibradas.
Se o salário, a mensalidade escolar, a prestação do plano de saúde e as tarifas públicas ficarão fixos a partir de 1º de julho, reduzir e racionalizar o consumo serão as únicas formas de economizar.
Pesquisar preços, por exemplo, será fundamental. Eles vão continuar variando de uma loja para outra e não serão congelados.
Adiar compras, sempre que possível, será melhor opção que entrar em crediários, saldo negativo do cheque especial e parcelar o pagamento de faturas de cartão de crédito.
Juros
Isto porque, nos primeiros meses após a vigência do real, os juros vão continuar altos.
Justamente por isso, aplicações em renda fixa, como poupança, fundos de commodities e de renda fixa continuarão a ser boas opções de investimento.
E, se você está sentindo que os valores convertidos para URV (Unidade Real de Valor) estão pesando mais no seu bolso, prepare-se para incorporar definitivamente esse maior comprometimento de renda no seu orçamento.
Na passagem para o real, os preços e contratos em URV não serão alterados.
Apenas os contratos que ainda estiverem em cruzeiros reais terão regras de conversão fixadas pelo governo.
Na verdade, embora a medida provisória que instituiu a URV estabeleça que a conversão de contratos para o novo indexador deve ser feita mediante acordo entre as partes, o consumidor tem tido pouco ou nenhum poder de negociação.
Escolas
A maior parte das escolas particulares de São Paulo, por exemplo, converteu as mensalidades pela média de quatro meses, mais um aumento real de 12,4%, seguindo orientação do sindicato da categoria.
Outras, simplesmente transformaram o valor em cruzeiros reais de março, já reajustado pelo índice previsto em contrato, para URV. Ou seja, utilizaram o valor de "pico", desconsiderando a média.
Planos de saúde
A situação não foi diferente com os planos de saúde.
Na conversão, alguns estão aplicando sobre a média um aumento real de 17% a 22%, para cobrir a alta dos custos de honorários médicos, taxas e diárias hospitalares na passagem para o novo indexador.
Foi esta a orientação da Abramge (Associação Brasileira de Medicina de Grupo).
Outros estão utilizando regras próprias, com aumentos que chegam a cerca de 30%.
Em nenhum desses casos o consumidor -que teve seu salário convertido para URV pela média de quatro meses, sem qualquer aumento real- foi consultado pelas empresas ou teve a oportunidade de negociar.
Justiça
Sua única saída, nesse curto espaço de tempo até a entrada em vigor do real, em 1º de julho, será apelar para a Justiça, um caminho caro e demorado.

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