São Paulo, domingo, 29 de maio de 1994 |
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Tíquete deverá prevalecer, diz consultor
DA REPORTAGEM LOCAL Se a área de alimentação industrial continuar como está, o nutricionista José Aurélio Lopes, 45, não vê perspectivas muito otimistas para as empresas especializadas no setor.Sócio da Precx, consultoria em nutrição, planejamento e projetos de serviço de alimentação, Lopes diz que o "desejo" dos trabalhadores que recebem a refeição deve ser atendido em primeiro lugar. Seu conceito é justamente oposto ao que está sendo aplicado pelas empresas de refeições industriais, que costumam atender somente a necessidade do cliente direto – a companhia contratante. Neste ano, por exemplo, apenas uma cozinha industrial nova está sendo projetada pela Precx, que em seus vinte e um anos de existência já atendeu cerca de 400 empresas, entre estatais, multinacionais, escolas e hospitais. A seguir, os principais trechos da entrevista. Folha - Qual o problema das cozinhas industriais? José Aurélio Lopes - A maioria das cozinhas industriais instaladas no país está sucateada. São em geral estruturas super dimensionadas, dinossauros que não conseguem fornecer boas refeições aos funcionários. Folha - Qual o futuro desse tipo de serviço? Lopes - O investimento para reformar essas cozinhas é alto, cerca de US$ 700 a US$1000 o m². Por isso, empresas de grandes centros comerciais tendem a desativá-las . Folha - Nesse caso, qual a melhor opção para se fornecer alimentação ao funcionário? Lopes - O tíquete tem sido a opção mais eficaz e os trabalhadores parecem estar preferindo esse recurso. Folha - Por quê? Lopes - O serviço de alimentação industrial é programado para atender apenas as necessidades nutricionais do cliente-trabalhador. Já o tíquete é aceito em restaurantes comerciais, que buscam cativar seus clientes sastifazendo seus desejos . Folha - Qual a diferença entre a alimentação comercial e a industrial, sob o ponto de vista do funcionário? Lopes - Nos restaurantes comerciais há um cardápio fixo para um público que varia todo dia. Na cozinha industrial acontece o oposto: o público é sempre o mesmo e, por isso, se oferece um cardápio que deve mudar diariamente. O restaurante comercial, portanto, é organizado em função dos desejos do cliente. Não vai inspirar respeito se for decadente e se a comida não for atraente e apetitosa. Folha - As perspectivas para as empresas de refeições industriais são, portanto, pessimistas? Lopes - A preocupação com o desejo do cliente é uma característica das cozinhas industriais que deve ser acompanhada por essas empresas, se quiserem sobreviver. Folha- Sastifazer o trabalhador é a única fórmula para sobreviver nesse mercado? Lopes - Quem não corre o risco trabalha com a necessidade e burocratiza o serviço. Esse tem sido o caso da cozinha industrial. Folha - Se não seguirem tais conselhos, essas empresas estarão fadadas à extinção? Lopes - O tíquete acaba sendo o grande inimigo das cozinhas industriais. Quando o funcionário recebe um tíquete, as empresas de refeições perdem um contrato. Texto Anterior: Construção consegue antecipar dissídio Próximo Texto: Refeição não é obrigatória Índice |
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