São Paulo, domingo, 29 de maio de 1994 |
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"Seleção é uma grande família", diz novato
SÉRGIO KRASELIS
Pinha integra seleção masculina de vôlei do Brasil que enfrenta hoje a Grécia pela Liga Mundial, em Minas "Tudo o que posso dizer é que fiquei amarradão." Com essa frase, quase sempre utilizada pelos surfistas quando conseguem uma boa manobra nas ondas, o atacante Fábio Marcelino, o Pinha, 21, definiu o seu estado de espírito ao ser incluído na última sexta-feira na lista dos jogadores inscritos pelo técnico José Roberto Guimarães para os dois jogos contra a Grécia pela Liga. Paulistano do bairro do Limão (zona norte de São Paulo), Pinha ganhou o apelido da mãe, Florisdete. Assim que nasceu, ela olhou o filho e disse ao pai, Leonardo: "Ele se parece com uma pinha". O apelido ganhou fama e o sétimo dos oito filhos de dona Florisdete se apaixonou pelo vôlei aos nove anos. Pouco tempo depois já estava na seleção brasileira infanto-juvenil e, a seguir, na juvenil. Convocado pela primeira vez este ano para a seleção principal, Pinha, que namora com a jogadora Fuca, do Paulistano, já incorporou o espírito de grupo da seleção. "Ninguém na seleção é superior a ninguém. Todos formam uma grande família". A seguir, os principais trechos da entrevista. Folha - Com quase três meses de seleção, quais foram as mudanças principais que ocorreram na sua carreira até o momento? Pinha - Tem um pouco de tudo. O meu desempenho, a minha vontade de jogar. Acho que dobrei meu potencial. Agora, em casa virei rei. Sou um ídolo para minha família. Folha - Ser convocado para a seleção te deixou preocupado? Pinha - No começo achei tudo muito estranho. Eu conhecia o pessoal, mas não tinha intimidade. Ficava pensando: "Esses caras não vão nem ligar pra mim". Mas o tempo foi passando, comecei a me entrosar. Folha - Entre as diversas orientações que o técnico já lhe fez, qual mereceu maior atenção? Pinha - Eu sempre saquei "viagem ao fundo do mar", mas não batia muito forte na bola. Aí o Zé virou e disse: "Pô, saca forte mesmo. Se errar, dane-se. Mas arrisca". Segui o conselho, as bolas passaram a entrar e já estou com o saque um pouco melhor. Folha - Depois que terminar a Liga Mundial, acontece o Mundial na Grécia e logo em seguida tem início a Liga nacional. Você está com um time novo, o Fiat/Minas. Quais são as suas perspectivas para o futuro? Pinha - Bem, é um time sem estrelas, mas acho que é um time que vai dar certo. A maioria dos jogadores esteve na seleção juvenil que foi campeã mundial. Podemos batalhar por bons resultados. Folha - A seleção brasileira é conhecida por seus rituais de superstição. Quase todos os jogadores têm uma mania. Você se inclui nessa lista? Pinha - Tenho algumas superstições. Não gosto de sexta-feira 13, dormir com a porta do guarda-roupa aberta, ver um sapato virado. Agora, desde que comecei a jogar na seleção tiro a minha correntinha com um crucifixo do pescoço e coloco na canela. Folha - Você disse que a sua vida enquanto atleta mudou muito desde a chegada na seleção. E a vida fora das quadras? Pinha - Ah, também mudou muito. Eu costumava sair mais à noite, ir a boates. Mas agora dei uma maneirada. Mas na época que a lambada esteve na moda fui em muitas lambaterias. Mas só ficava olhando. Sou péssimo dançarino. Folha - O assédio das tietes em relação a você cresceu? Pinha - Aumentou, mas está bem pouco ainda. Também não dá para disputar com Giovane, Tande e a turma toda. Mas com o tempo acho que consigo chegar lá (risos). Nunca havia ido para um treino com seguranças no ônibus. Isso me faz sentir uma pessoa realmente importante. Isso é muito legal. Texto Anterior: As dúvidas que zumbem Próximo Texto: Brasileiros enfrentam gregos pela segunda vez Índice |
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